sábado, 23 de agosto de 2014






Brasil: ultrapassado em todas as acepções da palavra


A baliza canarinha foi serventia da casa...Todas as prestações realizadas por Alemanha e Brasil nesta edição do Mundial apontavam uma evidente diferença de consistência emocional e táctica entre ambas as selecções, por muito que pudesse custar à equipa que joga a competição em casa e que possui mais títulos mundiais do que qualquer outra selecção.

Essa realidade levava a que no seio da ‘amarelinha’ fosse necessário reconhecer que para ultrapassar o rival alemão seria necessária astúcia, uma sapiência que na verdade há muito nenhuma equipa nacional demonstra para levar de vencida a Mannschaft. No entanto, se a nível de selecções tal não tem acontecido, a nível de clubes existe um modelo que Luiz Felipe Scolari e seus pares poderiam ter utilizado como parâmetro para aumentar as suas possibilidades – o campeão europeu de clubes Real Madrid.

Difícil colocar em prática uma estratégia de clube numa selecção nacional? Sim, até porque este Brasil não tem, nem perto disso, ‘um’ Karim Benzema, ou Cristiano Ronaldo, ou Angel Di María. Pior, nem sequer tinha a sua principal arma ofensiva, Neymar, à disposição. Ainda assim, possui jogadores com uma qualidade bem superior à que foi demonstrada num verdadeiro vexame que será certamente relembrado até nos próximos 100 anos.

Como tal, certamente que o Brasil não faria pior figura que aquela que na realidade fez caso tivesse apostado no ‘anti-taka’ que fez com que o Real tenha goleado sem apelo nem agravo a espinha dorsal desta Alemanha, o Bayern de Munique, que apenas e só consiste na génese desta Alemanha.

Contudo, Felipão preferiu manter-se fiel à teimosia e ao seu Brasil que de ‘vintage’ apenas possui a forma arcaica como defende e procura sair para o ataque, cometendo novamente o erro de prender vários jogadores neutrais a uma só posição, perdendo uma possível dinâmica ofensiva que poderia colocar o ‘Bayern-Deutschland’ em apuros e, pior, desprezando mesmo as principais qualidades de um adversário que demonstrava um poderio bem superior.

desprezo começou pela defesa, que se apresentou lenta e sem propósito, com a particularidade de ser composta por dois defesas centrais de estilo semelhante, David Luiz e Dante, que por curiosidade ou não apenas só isso também havia feito parte da barricada dos humilhados no acima mencionado Bayern vs Real.

Foram muitos os problemas de um Brasil que não foi adversário para a Mannschaft

Com o central mais credibilizado de fora por castigo, Thiago Silva, e com duas alternativas sem a mesma qualidade, a necessidade de colmatar as virtudes que David Luiz não oferece pediriam o lançamento de um central mais sóbrio como Henrique, que está longe de ser um grande central, ao invés do mais espectacular mas também mais errante Dante, ainda mais quando os laterais sempre foram neste Mundial demasiadamente macios no processo defensivo.

Com Marcelo, Maicon ou eventualmente Daniel Alves pedem-se centrais capazes de fazer a dobra e muitas compensações, algo que pela sua composição David Luiz e Dante nunca foram nas suas carreiras capazes de fazer – essa debilidade tornou-se ainda mais marcante quando pela frente do quarteto defensivo brasileiro surgiu um endiabrado Thomas Muller, que com facilidade apontou dois golos e arrancou uma assistência.

No caso dos laterais, seriam obrigados a fechar o seu flanco sem hesitações e subir apenas pela certa, contrariando o seu estilo, e na perspectiva ofensiva dos centrais pelo menos um deles teria de ser também referência ofensiva nas bolas paradas, algo que David Luiz poderia ter assumido. Mais: se esse ‘buraco’ defensivo existiu, a isso muito se deve a escolha dos nomes para a convocatória: difícil perceber porque ficaram de fora dos 23 jogadores como Miranda, Filipe Luís, Rafinha ou até Luisão

Passando ao meio-campo: seria nada menos do que impossível uma dupla composta por Fernandinho e Luiz Gustavo, dois ‘destruidores’ de génese idêntica, ter o mínimo sucesso perante dinamizadores como Bastian Schweinsteiger, Sami Khedira e especialmente o sensacional Toni Kroos, muito provavelmente o melhor homem em campo pelo que jogou para além dos dois golos marcou e a assistência que arrancou.

Estranho no mínimo, verificar que Ramires não foi titular neste encontro no centro do terreno. Mais estranho ainda foi perceber que o homem do Chelsea é constantemente adaptado à ala direita do ataque quando seria o elemento mais habilitado para tentar dividir o meio-campo com os alemães, mais ainda do que Paulinho, que frente ao México tinha saído claramente a perder nesse particular em relação ao portista Hector Herrera, nomeadamente no posicionamento sem bola.

Equipa titular apresentou várias escolhas que não justificaram a confiança de Scolari

Desta forma, Ramires poderia assumir a saída em posse e libertar Oscar para se tornar a primeira ‘seta’ apontada à baliza adversária. Todavia, para que tal pudesse resultar, não só Oscar teria de jogar de forma mais solta como vez mais a escolha dos nomes a compor a linha ofensiva teria necessariamente de ser outra visto que teriam de forma obrigatória de passar pelas cada vez mais referidas ‘ventoinhas’, de constante projecção atacante e forte movimentação.

Face à complicada época de estreia que teve na Europa, não poderia pedir-se a Bernard que desempenhasse essa função, ainda mais quando a restante alternativa consistia num jogador mais tarimbado no panorama internacional e bastante rodado com uma interessante época transacta ao serviço do Chelsea, como é o caso de Willian, que em situação normal teria sempre sido titular frente à Alemanha ao invés de ser lançado com a partida e o resultado completamente resolvidos.

Aliás, a sua própria convocatória parece duvidosa face à existência de outros nomes deixados de fora da lista final de 23 e mais habilitados que o jovem extremo para actuar neste Mundial. Como explicar que Bernard ocupe uma vaga que poderia pertencer a Lucas Moura, um valor que teria espaço, de caras, neste grupo de trabalho e mesmo na equipa titular.

para além de Lucas uma das vagas de extremo neste ‘escrete’ poderia pertencer a jogadores como Alex Teixeira, Douglas Costa ou Taison, que curiosamente retiram espaço a Bernard no Shakhtar, Robinho mesmo com a falta de ritmo, ou a criativos como Kaká ou Ronaldinho Gaúcho, que possuem uma importantíssima experiência neste tipo de competições. Nenhum destes jogadores mereceu a confiança de Felipão, e o ataque ressentiu-se disso.

Quanto ao lugar de ponta-de-lança, frente à Alemanha tornava-se mais específico do que nunca, e dispensava por completo um jogador com as características do mal-amado Fred em prol de uma unidade rápida capaz de dominar, tabelar e de imediato disparar em desmarcação, uma função que num primeiro olhar caberia melhor a Jô, que ainda assim se trata de um futebolista longe de justificar a presença numa selecção como a brasileira.

Embora não disponha dos goleadores do passado sempre poderia ter recorrido a Jonas, Lima do Benfica ou Luiz Adriano. Contas feitas, todos os sectores estiveram aquém frente aos germânicos e o seu seleccionador foi claramente incapaz de ler o seu oponente, terminando copiosamente goleado e com muitos pedidos para a sua demissão que muito embora possa não ser a resolução de todos os problemas parece justificar uma mudança, pelo menos a chegada de um conselheiro mais inserido no jogo actual, quem sabe oriundo da Europa para evitar que novo vexame se repita…

Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: CBF
rafaelreis.rbr@gmail.com









Num início de época em que todos os clubes em Portugal se preparam para uma época repleta de emoção e competição os vários encontros proporcionam regressos mais ou menos marcantes, como o de um técnico de carisma que passou pelo futebol nacional num outro tempo, deixando o nosso País há 29 anos após ter orientado o Sporting.

Na sua passagem pelo nosso País em virtude de liderar como técnico principal do WAC Casablanca um estágio que levou o conjunto marroquino a defrontar vários conjuntos que compõem a Primeira Liga, John Toshack, de 65 anos, acedeu a conceder algumas considerações a NOVA ACADEMIA DE TALENTOS, manifestando satisfação com o seu projecto actual e recordando a sua já antiga passagem por terras lusitanas.

Rafael Reis: Como caracteriza o mais recente particular que o clube que orienta, o Wydad, realizou contra o Estoril?

John Toshack: Gostei de defrontar o Estoril, uma equipa mais forte do que a nossa e com mais tempo de preparação mas que só tinha um golo de vantagem, um 1-0 que traz sempre perigo e o adversário, neste caso o WAC, pode sempre empatar, e foi o que aconteceu. Na segunda parte estivemos um pouco melhor apesar de o Estoril ser mais forte.
Rafael Reis: Que avaliação faz ao estágio que realizou no nosso País?

John Toshack: Foi bom, numa semana realizámos três encontros contra equipas da Primeira Liga portuguesa vencendo dois e empatando outro mas fisicamente teremos de melhorar, ainda estou há apenas um mês em Casablanca e falta conhecer os jogadores, a cada encontro vou aprendendo mais coisas, mas para mim o importante é que temos jogadores jovens, sete deles actuam nos sub-23 de Marrocos, e é interessante que quando eles entram a equipa melhora. Pelo contrário alguns jogadores veteranos do WAC decepcionaram-me, enquanto os jovens têm ajudado a equipa, esperava mais dos jogadores experientes mas estou muito contente com o rendimento dos jovens do WAC.
Rafael Reis: Acredita que esses jovens podem garantir a continuidade do sucesso do WAC?

John Toshack: Como já disse, parte deles evoluem nos sub-23 de Marrocos quando aqui na Europa são sub-21, e eles continuam a crescer nessa equipa. Ainda não conheço o plantel tão bem quanto gostaria e ainda nos falta contratar um ponta-de-lança mas em linhas gerais foi uma semana aqui em Portugal muito proveitosa com muitos treinos, três encontros contra equipas de primeiro escalão e embora os resultados não sejam o mais importante é sempre importante para dar confiança. Se se pode vir, jogar contra três equipas de Primeira Liga e ganhar dois em três para os jogadores é sempre uma injecção de confiança, ainda mais quando se sofreram apenas dois golos nesses jogos, um deles de penalty.
Temos muito, muito trabalho pela frente, mas estamos no caminho correcto. É sempre bom defrontar uma equipa como o Estoril, o clube do Carlos Xavier, e ainda reencontrei Manuel Fernandes, Mário Jorge, Oceano, Venâncio... estive com ele há uns dias, na última vez que o tinha visto ainda tinha cabelo (risos). Meu Deus, Litos... já passaram mais de 20 anos. Você ainda não devia ser sequer nascido.

Rafael Reis: Não, de facto ainda não tinha nascido. Treinou em Portugal, o Sporting, há 30 anos, como falámos há pouco. Desde essa altura até agora, como entende que mudou o futebol português? Esteve agora num estágio jogando contra equpas portuguesas, quais entende serem as diferenças entre o seu tempo e o actual?

John Toshack: Uff, o treino aqui agora é muito melhor do que antes. O futebol é diferente agora, mais rápido, claro que também mais profissional, e completamente melhor. Quando estava no Sporting era muito difícil ganhar fora de casa em locais como Guimarães, Penafiel, em Braga também... eram grandes jogos, e o futebol em Portugal está ainda mais rápido, o Estoril realizou uma temporada fantástica na época passada. Normalmente em Estoril, Cascais, não pensamos em futebol...

Rafael Reis: Pensamos mais em férias, não é?
John Toshack: Pensamos sempre em férias, e em gelados e peixe, num bom vinho verde (risos), mas agora o Estoril tem um campo muito bonito, um relvado muito bom para o futebol e uma boa equipa, pronta para a Liga Europa e com muito boa posse de bola embora só tenha sido capaz de marcar à minha equipa através de um penalty.

Rafael Reis: Acha que o Estoril está pronto para repetir a última época?

John Toshack: Creio que se mantiverem este futebol em posse podem melhorar, obrigaram-nos a defender com ordem, mas não me recordo de nenhuma oportunidade de golo clara apesar de toda essa posse de bola, o nosso guarda-redes nao teve demasiado trabalho. Mas no que toca a nós temos de melhorar bastante. Continuarei a acompanhar o meu Swansea e desejo-lhe o melhor para o seu trabalho. Foi um prazer.
 
Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: Action Images/Reprodução VAVEL
rafaelreis.rbr@gmail.com



Sensações da Taça da Liga

Desportivo de Chaves

Três jogos, duas vitórias, uma delas no terreno do conjunto mais candidato ao apuramento para a próxima fase, a U.Madeira, e uma igualdade perante outro concorrente forte como a Oliveirense, é o pecúlio de uma equipa equilibrada com jogadores experientes, outros formados no clube e uma interessante aposta no talento africano como é apanágio do técnico Luís Norton de Matos. Estaremos perante uma surpresa na Liga 2?

Tudo pronto no regresso do Oriental

Passado o encontro de apresentação aos seus associados, que correu pelo melhor e com uma vitória por 3-1 sobre o Sintrense, o Oriental vem preparando o seu regresso às competições profissionais com uma equipa que se prepara para corresponder às exigências do seu técnico, João Barbosa, numa fase em que se encontra ainda a assimilar processos e dentro das expectativas para este momento da época.

Com o plantel ainda aberto depois de vários jogadores terem cumprido período experimental sem contudo terem convencido o treinador da equipa lisboeta, dissipou-se a distância até à estreia oficial que decorreu já nesta quarta-feira contra o Tondela, o primeiro encontro da História do clube na Taça da Liga. Infelizmente, o resultado esteve longe da perfeição – derrota por 4-2.

Poderia pensar-se que este resultado retrataria uma série de resultados negativos pela falta de hábito ou impreparação do clube a tão elevadas exigências. Puro engano – o histórico de Marvila não mais voltou a ser derrotado, juntando duas vitórias ao seu currículo e terminando a fase de grupos com um surpreendente mas bem merecido primeiro lugar, prometendo golos e espectáculo nas próximas rondas.

Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: Clube Oriental de Lisboa/Diogo Taborda
rafaelreis.rbr@gmail.com

terça-feira, 5 de agosto de 2014




Para além de o Sporting vs Lazio se tratar de mais um encontro particular para as duas equipas, a disputa de mais uma competição de pré-temporada, o Troféu Cinco Violinos, e a oportunidade para os leões apresentarem o seu plantel aos associados, ao mesmo tempo a visita do conjunto romano proporcionava o retorno de Bruno Pereirinha à casa que o formou e o lançou a nível profissional, deixando-a precisamente pelo seu actual clube para jogar com maior regularidade.

Bem mais maduro como futebolista, e após prestar algumas declarações à restante imprensa nacional, Pereirinha acedeu conceder uma pequena entrevista exclusiva a Nova Academia de Talentos, na qual ‘levantou o véu’ sobre a sua experiência em Itália e o que dela espera para o futuro próximo e a longo prazo.
Rafael Reis: Começo pela pergunta da ‘praxe’: como foi defrontar o Sporting? Uma vez que nas perguntas a que respondeste incidiram mais no individual, falo agora no colectivo: que importância teve este encontro para a Lazio? Pelo que fizeste e a equipa fez hoje, quais pensas serem as reais aspirações da equipa?

Bruno Pereirinha: É sempre bom voltar, o Sporting reforçou-se muito bem e manteve a base da época passada. Este ano queremos voltar às competições europeias porque no ano passado a época não nos correu bem e por isso esse vai ser o principal objectivo.

Foste titular neste jogo. A ideia será continuar, ou trata-se apenas de pré-época e o plantel ainda está a fazer alguma rotação?

Trata-se de pré-época, o plantel está a ter muita rotação e ainda faltam chegar alguns jogadores que estiveram no Mundial, mas trabalharei com o intuito de ser titular.

Ficas satisfeito com a exibição da equipa frente ao Sporting?

Fico mais satisfeito pelo resultado do que pela exibição, tivemos algumas dificuldades pelo ritmo e qualidade impostas pelo Sporting mas acho que no fim de contas o resultado acaba por não ser mau.

Achas que este plantel da Lazio será aquele que jogará o resto da época ou poderão esperar-se mais reforços até ao encerramento do mercado?

Fala-se muito no mercado, por isso não sei se haverão mais entradas ou saídas. Mas é possível que ainda possa haver mudanças.