quinta-feira, 24 de abril de 2014




MAIS FUTEBOL, MENOS PROTESTOS.


A cerca de um mês do final da época, espera-se que as desavenças com ela terminem.


O ano de 2014, pelo menos na sua primeira metade, acaba por constituir um ano positivo para o futebol português, desde logo por ser ano de Mundial, por uma vez mais proporcionar uma boa carreira internacional para os clubes portugueses, em especial o Benfica no seu percurso na Liga Europa, ainda pelo facto de a Federação Portuguesa de Futebol se encontrar em ano de centenário, assim como pela honra de nesta época Lisboa receber as finais da Liga dos Campeões masculina e feminina.


No entanto, nem tudo é ‘azul e cor-de-rosa’ no futebol nacional ainda que o presidente da FPF, Fernando Gomes, destaque que “trabalhamos em conjunto num momento histórico do nosso futebol” acrescentando ainda que “para a FPF e para mim enquanto presidente estar presente na cerimónia de entrega dos troféus da Liga dos Campeões é uma honra.”

Fora este excelente momento da FPF, outros problemas se abateram nos últimos meses, em especial a ‘cruzada’ motivada pelo Sporting contra várias frentes, sendo que boa parte delas se encontraram na sua alçada, devendo ressalvar-se que “significa que o Sporting entrará em conflito com alguém, arbitral também, e isso está no âmbito da Federação,” como analisou o especialista em Direito Desportivo João Diogo.

Mesmo quem no início da época optava por não criticar se juntou às vozes de protesto.

“Se o Sporting avançar para a queixa às instâncias do futebol internacional certamente cairá no ridículo”, considerou mesmo o comentador Bruno Prata numa opinião que se explica pelo exagero em que os leões a dada altura caíram para tornar ainda mais viva a sua voz.

Este estilo exacerbado foi mesmo alvo de crítica por parte dos adversários, tendo mesmo sido afirmado que “no início da época Leonardo Jardim dizia que não comentava arbitragens, no início da época contra o Rio Ave dizia ‘jogámos pouco’,” uma memória do vice-presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, levada a lume antes da acusação de que posteriormente os leões passaram a centrar as suas atenções em questões extrafutebol. 

“Provavelmente a solução estaria em castigar os dirigentes que proferem este tipo de declarações com castigos mais céleres, mas está tudo generalizado,” considerou e de forma bastante acertada o experiente técnico Manuel José, deixando a resposta para o fim de um País desportivo no qual se protesta demasiado e muitas vezes se joga menos do que seria exigível.

Vários foram os dirigentes a proferir declarações em tom acusatório.

Para que se tenha uma ideia de quão corrente passou a ser criticar a arbitragem e outras questões que extrapolam o futebol jogado, até mesmo o presidente do clube que haveria de se sagrar campeão nacional, o Benfica, Luís Filipe Vieira, se chegou a queixar que “à 7ª jornada já temos quatro penalties e dois golos em fora-de-jogo.”

No entanto, não foram apenas Bruno de Carvalho e seus pares, tal como Vieira, a levantar acusações demasiadamente marcadas sobre a arbitragens e o futebol jogado fora das quatro linhas, ou não tivesse há algumas semanas o comentador Rui Santos alertado para que “a grande questão era saber se a CD da FPF ia analisar as declarações de António Salvador sobre a arbitragem, algo que foi feito e na minha opinião muito bem.”

Resumindo, o excesso de pressão a partir de críticas continua a ter um peso demasiadamente grande em Portugal e a ocupar demasiadas manchetes na imprensa desportiva. Será de desejar que na próxima época o panorama seja bem diferente.

Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: D.R.
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