segunda-feira, 5 de junho de 2017
A juntar à liderança do seleccionador David Martins e o ‘cunho’ de futebolista que João Bailão acrescenta como um dos técnicos adjuntos e Director Técnico da Selecção Nacional de MiniFootball, existe também na equipa técnica uma voz conselheira própria de um homem que será um dos treinadores portugueses com maior conhecimento sobre a modalidade em Portugal, constituindo-se muito provavelmente a pessoa com mais longo contacto com o MiniFootball no nosso País para além de Bailão, o mentor do projecto.
Presente na equipa técnica da equipa nacional praticamente desde a sua criação e a desempenhar funções de técnico adjunto depois de ter sido o próprio seleccionador nacional no último Europeu de forma efectiva e no último Torneio das Nações de forma interina, Carlos Rocha (segundo à esquerda na imagem) conhece com propriedade a evolução que o MiniFootball vem encetando em Portugal, o que poderá manifestar-se já no Europeu que se inicia na próxima semana. Para já, a suas expectativas são as melhores:
O primeiro treino do I Estágio de Preparação terá sido uma boa primeira experiência para perceber em que nível está a equipa…
Temos aqui jogadores do Inter-Regiões e das SuperLigas de Futebol de Sete e de Cinco e facilmente conhecemos experiência do profissional, jogadores de futsal que não se adaptaram ao futebol de 11, jogadores de futebol de 11 que não se adaptaram ao futsal e nós nessa medida procuramos os jogadores que entendemos terem o perfil tanto técnico como físico para esta modalidade pois podem destacar-se no Futebol de Sete, em que o campo é muito mais aberto e há muito mais espaço para jogar…
Mas aqui há as duas vertentes: há os jogadores que se destacam muito no Futebol de Sete mas depois não conseguem e depois há jogadores de Futebol de Sete que por terem determinadas características se tornam em verdadeiros jogadores para a modalidade. Este espaço é para nos focarmos em 18, 19 pessoas e percebermos quem entre eles se aproxima mais do que pretendemos para esta modalidade por isso por si só o treino é pouco, é curto pois nesta fase eles pouco ou nada jogam, para que percebamos quem mais se adequa ao que pretendemos para esta modalidade.
Nessa intervenção há um aspecto focado e que entra também na minha curiosidade: neste momento existe dentro da própria equipa técnica o perfil do tipo de jogador que procuram para o MiniFootball, com determinadas características neste momento?
Por vezes em convocatórias não se vêem aqueles que mais se destacam ao nível do resultado final, no plano estatístico, jogadores que finalizam muitos golos e que se calhar numa outra modalidade levaria a uma convocatória e depois não surgem nos convocados, portanto haverá uma explicação para que tal aconteça?
Sim. No Campeonato esses dados estatísticos acabam por ter mais força; chegados aqui, os golos que se marcaram perdem importância pois devem apenas ser vistos como um reconhecimento, apesar de estarmos numa época em que Ronaldo e Messi fazem muitos golos e são os melhores, mas não são só os golos que diferenciam um jogador. Já definimos a nomenclatura para cada uma das posições neste Futebol de Seis e sabemos exactamente o que queremos em cada uma delas e por exemplo o David, que agora é o nosso seleccionador, era um jogador com um determinado perfil.
Hoje procuramos um jogador com um perfil idêntico ao do David Martins para este ano. De acordo com a experiência estamos a perceber quando é preciso mudarmos para aqui ou acolá e por isso vamos à procura, estamos à procura do tipo de jogadores que já definimos, mais do que alguém chegar aqui e marcar três ou quatro golos.
É nesse género: para mim, nesta última etapa do Inter-Regiões houve jogadores que estiveram na equipa que venceu a competição que podiam estar aqui, ou seja, por vezes não se trata apenas de ter o perfil de jogador que procuramos nem sequer os jogadores que ganharam o jogo são mais propícios do que os da equipa que perdeu.
A equipa que perdeu pode ter tido mais bola e melhor jogo do que a equipa que ganhou, ou a jogar o jogo pelo jogo ou a perder tempo e para o Futebol de Sete nem sempre essa é a melhor equipa. No ano passado fomos buscar dois ou três jogadores à selecção que tinha ficado em quinto, mais do que das equipas que tinham ido à final… são as características dos jogadores que o definem.
Estou perante o actual seleccionador e o anterior, ambos parte da equipa técnica. Em termos colectivos, oficialmente é muito recente. Está a ser fácil em termos de conciliação de vontades a junção de personalidades? Ou a equipa técnica não é tão recente quanto possa parecer?
Até agora ainda não perdemos nenhum jogo, está a correr bem (risos). Tem corrido muito bem, o David para lá da experiência como treinador tem também uma experiência como jogador que o fez crescer também dentro da própria equipa técnica e entre os jogadores era um exemplo tal como o João que é ainda o jogador com mais jogos pela Selecção tendo jogado em todos os jogos oficiais. Por brincadeira digo que quem tem mais jogos acabo por ser eu e o João e o João acaba por ter mais porque já estava presente no primeiro ano.
A partir daí comecei a fazer parte do jogo e nota-se uma grande evolução neste desporto de há três anos para cá e depende um pouco de quem faz parte dele pois trata-se de um desporto em que ainda não há muito nos próximos anos poderá ser completamente diferente e por isso é importante que as pessoas possam desenvolver pormenores novos. Até agora tem corrido tudo muito bem e é nosso objectivo que Portugal consiga atingir os seus objectivos.
Esta minha pergunta poderia ser utilizada para fechar e até pode pecar por incompleta visto ainda faltar realizar-se alguns treinos, mas tendo em conta o conhecimento que possuem da própria modalidade, dos jogadores e até sobre cada um em particular, o que é que neste momento falta aprimorar ou melhorar para que Portugal possa alcançar os objectivos que pretendem no Europeu?
A experiência que temos permite-nos passar um pouco da experiência que irão encontrar bem, o que irão passar bem ou mal, estes nossos três anos de experiência permitem-nos perceber a importância de outros factores como o tipo de bola, a tal competição e a pressão de representar o País…
São coisas sobre as quais não dá para simular em treino mas temos a convicção de que a experiência que acumulámos está a ajudar-nos com aquilo que desenvolvemos e também estes jogadores que já fizeram 10 jogos, 7 jogos, os que repetem vê-se claramente que já trazem outra ’escola’.
Isto é como quando tiramos a carta, tiramos a condução, temos umas aulas e depois os que repetem conseguem ajudar-nos mais do que aqueles que chegam novos. Ensinar os outros a ajudar é importante e lá está, no primeiro ano víamos muitos a querer fazer as coisas e poucos a querer aprender. Cada vez mais já sabem o que fazer, aprenderam as coisas e estas tornam-se mais fáceis de discutirem entre eles uns com os outros, achamos que será fácil e obviamente não poderemos olhar só para o resultado desportivo desde que a equipa possa fazer o seu melhor.
Estando nós num grupo complicado, podemos ser nós a condicionar o adversário e depois no resultado final ser ele o melhor. Não, é importante sabermos que existem outros parâmetros em que a equipa pode também ser avaliada e é aí que veremos se o comportamento da equipa será melhor ou não do que no ano passado.
Até mesmo porque os adversários no Europeu serão fortes, como a Roménia, o Cazaquistão e até a própria Grécia, esta é também uma curiosidade minha pelo facto de a modalidade ser também recente: já é possível à própria equipa técnica assistir aos jogos das outras equipas e conseguir preparar a equipa para aquilo que a espera, compilando informação? Se calhar existe a desvantagem e dificuldade de os jogos realizados no Europeu passado já terem um ano de distância…
Jogos do ano passado e todos os jogos dos Europeus estão disponíveis e é certo que os jogos do Europeu passado têm algum tempo, mas os jogos realizados permitem-nos recolher dados, muitas vezes não é fácil mas muitas vezes aproveitamos o próprio Europeu para vermos outras equipas e muitas vezes há novidades que as outras equipas depois também tentam adaptar, mas o scouting não é fácil e será também muito por isso que as equipas se apresentam muito rígidas e a não darem espaços, jogando forte.
Depois há coisas que vão sendo feitas e aproveitadas de outros anos, por exemplo Portugal no último ano a equipa técnica por iniciativa do João implementou uma técnica de na bola de saída, uma ideia do João de se tentar surpreender com um pontapé de remate a meio-campo e são este tipo de coisas. No primeiro jogo, nem a câmera viu o remate…
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