segunda-feira, 26 de junho de 2017
EMF Campeonato da Europa - Tão perto de evitar a sina
O objectivo há muito estava definido e era bem concreto e passava por obter um feito nunca antes conseguido e que passava por pela primeira vez ao fim de três participações um inédito apuramento para os oitavos-de-final do Campeonato da Europa de MiniFootball - foi para obter essa meta que incidiu toda a participação da equipa eleita pela Associação Portuguesa da modalidade, preparação essa que nunca fui tão profissionalizada, tão bem esquematizada quanto ao momento actual, deixando também a prova de um crescimento sustentado da variante no nosso País.
A meta de ultrapassar a fase de grupos, mais do que um objectivo desportivo, surgia como uma ambição até emocional tendo em conta que um ano antes na edição transacta do Europeu Portugal ficou afastado desse objectivo por um mero golo. Agora em 2017, ainda antes do apito inicial para a primeira partida, poderia afigurar-se como seguro que devido aos dois estágios de preparação, a participação em torneios internacionais e à realização de toda uma época regular ao nível das SuperLigas e torneios nacionais nunca a equipa nacional havia surgido a um nível tão elevado.
No entanto, a sorte não esteve do lado de Portugal que mesmo na melhor condição futebolística do seu curto historial acabou inserido num grupo que oferecia poucas possibilidades de apuramento, o poderoso Grupo D, composto ainda pelo até então campeão europeu Cazaquistão, a selecção mais titulada do plano internacional, a Roménia, e ainda que ao alcance da equipa nacional a mais experiente. Ainda assim, pôde contar-se com uma prestação de mérito numa prova surpreendentemente conquistada pela Rússia. Analise-se cada desafio individualmente:
1ª jornada, vs Cazaquistão - Resultado marcado por pouco menos de dois minutos de desconcentração defensiva nos quais o campeão europeu em título aproveitou para aplicar uma vantagem preciosa através dos dois atletas que mais se destacaram, Akhmetsharipov (posicionamento exímio e letal a finalizar) e Taibassarov (detentor de grande velocidade, mesmo com a bola controlada). No tempo que antecedeu os dois golos e no período que se seguiu, a equipa nacional conseguiu aplicar uma réplica para muitos inesperada.
Na grande parte do tempo jogado, Portugal subjugou o Cazaquistão ao seu meio-campo numa exibição colectiva sem valores individuais a destacar e a dominar aspectos estatísticos como a posse de bola e o número de remates. Esse balanceamento ofensivo acabou por revelar-se nefasto para a própria equipa que no seguimento de uma bola parada em que esteve muito perto de marcar - remate de meia distância travado por um emaranhado de pernas na defesa cazaque - sofreu o 3-0 final numa eficiente contra-ataque trabalhado pelos inspirados Akhmetsharipov e Taibassarov.
2ª Jornada, vs Roménia - Após a excelente imagem ao nível da postura em jogo deixada frente ao Cazaquistão, seguia-se a igualmente poderosa Roménia num desafio que ofereceria um panorama completamente distinto - mais fechado e com Portugal a demonstrar uma capacidade no processo defensivo que não havia conseguido exibir no desafio inaugural. Conjunto muito coeso no equilíbrio em temos de posicionamento e muito eficaz no processo defensivo, conseguido não apenas evitar que a Roménia marcasse como inclusivamente impedir que criasse situações de golo relevantes.
Sempre que a Roménia encontrou espaço para visar a baliza portuguesa, Fábio Kareca correspondeu, demonstrando segurança emocional juntamente com técnica e colocação apuradas entre os postes, destacando-se por atempadas ‘manchas’ que retiravam espaço aos atacantes romenos no momento do remate, assumindo-se como a grande figura individual da equipa neste desafio especialmente quando esta disputou os minutos finais com menos uma unidade mercê das expulsões de José Carlos e até do próprio seleccionador, David Martins.
Como consequência, Portugal atacou em menor quantidade mas até poderia ter vencido nos instantes finais através de um contragolpe conduzido e finalizado por Rui Sanches. Assim, um resultado que foi histórico - inédita igualdade perante um adversário com incomparável historial acabou por saber a pouco e até condicionar as ambições futuras de Portugal na competição.
3ª jornada - vs Grécia - Verdadeira final para as duas equipas que entravam em campo no último encontro de toda a fase de grupos (partida realizada, por isso, a um horário mais adiantado) cientes de que uma vitória permitiria obter 4 pontos e o imediato apuramento para os oitavos-de-final na condição de um dos melhores terceiros classificados. Objectivo português à distância de um golo e que em nada pressionou a equipa que realizou frente aos helénicos a melhor prestação englobando os três desafios.
Enorme estabilidade emocional numa 1ª parte de valores equiparados entre duas equipas obrigadas a vencer mas ao mesmo tempo proibidas de sofrer golos. Ainda assim, Portugal apresentou sempre maior qualidade ofensiva e apenas não saiu para intervalo em vantagem devido a um par de excelentes intervenções do guardião grego Zachos, sendo que na 2ª parte o seu companheiro Xanthos nada poderia fazer para evitar o merecido golo luso, conseguido através de um livre lateral bem trabalhado (cruzamento tirado pela esquerda com cabeceamento de pronto ao primeiro poste).
Portugal realizava uma prestação amplamente merecedora de apuramento, com várias prestações individuais de monta - realce para Rui Sanches, que aliou potência física suficiente para ganhar constantemente os confrontos directos com os ‘pivots’ gregos à habilidade na bola parada com um notável cruzamento para o golo -.
A Selecção Nacional de MiniFootball acabaria apenas traída pelos instantes finais nos quais a equipa de arbitragem concedeu mais de três minutos de acréscimo e nesse momento Portugal apresentava-se já em perda física, o que se denotou nas brechas defensivas visíveis nos dois golos que garantiram a passagem à Grécia, que se projectou no ataque em busca da reviravolta e logrou-a quando nada já o faria prever e depois de ter sido dominado na maior parte do tempo de jogo.
Para além das já mencionadas prestações de Fábio Kareca (baliza inviolada frente à Roménia) e Rui Sanches (praticamente imbatível a defender e apresentou atributos na bola parada), são também merecedoras de relevo as seguintes prestações:
De assinalar as exibições de Ricardo Gomes (o mais jovem elemento da comitiva e detentor de um colocado pé esquerdo), Pedro Vieira (também estreante, muito agressivo e a oferecer variedade de soluções na reposição lateral), João Paulo (experiente, não desperdiçou a oportunidade de que dispôs para finalizar ante a Grécia) e João Bailão (emprestou qualidade ofensiva à equipa no derradeiro desafio, quase apontando o melhor golo da prova num remate acrobático travado por o que poderá ter sido a melhor defesa de todo o Europeu, intervenção plena de reflexos de Aris Zachos).
Em suma, Portugal falhou a sua demanda por um golo ('bastaria' apontar um golo à Roménia ou conseguir segurar o jogo no último minuto ante a Grécia), mas voltou a exibir evolução competitiva promissora para um futuro imediato.
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