BENTO
DE VISTAS CURTAS
Poder de observação e prospecção de Paulo Bento começa a ser confrangedor
Dentro de pouco mais de uma
semana jogar-se-á o futuro próximo da Selecção Nacional, que caso não bata a
líder Rússia num confronto que se realizará num palco no qual já foi por
diversas vezes muito feliz, o Estádio da Luz, poderá mesmo começar a preparar o
adeus a um objectivo que sempre esteve ao seu alcance e que se colocava como
uma obrigação para uma equipa que possui condições futebolísticas e especialmente
futebolistas para pelo menos chegar a uma fase mais adiantada.
Joga-se assim na Luz a presença
no Mundial 2014, no qual os russos deverão mesmo estar presentes, ao passo que
a equipa nacional ainda terá de mostrar muita da sua qualidade e os seus
melhores argumentos para conseguir lá chegar, sendo que até ao momento fez
manifestamente pouco.
Pior ainda será observar a lista de convocados divulgada por Paulo Bento e
verificar que a mesma não insira confiança face à ausência de vários
futebolistas merecedores de uma oportunidade em prol da chamada de futebolistas
fora de forma e pouco utilizados nos respectivos clubes, o que deixa
subentendida uma falta de aposta na prospecção que deverá ser vista como
confrangedora tendo em conta as necessidades de uma selecção como Portugal.
Todos os sectores demonstram uma preocupante letargia no que diz respeito às
opções, começando-se pela baliza, na qual as chamadas de Rui Patrício e Beto
não merecem qualquer discussão, o mesmo não sucedendo em relação a Eduardo, que
chega de uma época de insucesso no Istambul BB e poderia ver o seu posto
ocupado por um jovem emergente.
Lista
apresenta vários jogadores que não possuem qualidade para representar Portugal
Porque não chamar Anthony Lopes, que ganhou espaço na baliza do poderoso
Olympique de Lyon? E ainda há Ricardo, que há muito vem demonstrando qualidade
na Académica e merece muito mais neste momento a chamada à equipa nacional do
que Eduardo.
Passando para a defesa, aí encontra-se a maior preocupação, grande parte
provocada… pelo próprio Paulo Bento, que insiste em convocar João Pereira,
distante dos seus melhores momentos, e Sílvio, sem que este justifique a
chamada, quando tinha ‘à mão de semear’ o benfiquista André Almeida, um
todo-o-terreno que apresentou um excelente rendimento como lateral direito e
lateral esquerdo mesmo sendo um médio de raiz.
Para o centro da defesa, é certo, não haverá Pepe e não abundam as opções de
qualidade. No entanto, e se me parece arriscado lançar Luís Neto como titular,
inexplicável será a convocatória de jogadores como Sereno, que nem sequer se
trata de um indiscutível no Valladolid. Porque não apostar nos valores do
futebol nacional, como Steven Vitória, que completou uma excelente época no
Estoril?
A lateral esquerda parece refém do seu titular, Fábio Coentrão. Não havendo o
esquerdino do Real Madrid, a questão torna-se problemática, uma vez mais por
vontade do seu próprio treinador, que à disposição poderia ter Antunes, que
impressionou na segunda parte da época ao serviço do Málaga na Liga dos
Campeões.
Vários
outros não cumpriram uma época com a regularidade necessária para render
Observando o meio-campo verifica-se que os nomes são ‘mais do mesmo’. Miguel
Veloso parece na verdade melhor colocado para assumir as funções de ‘trinco’
mas podia contar com outro tipo de concorrência como o pacense André Leão, que
realizou uma época bem superior comparativamente com Custódio, e João Moutinho
não parece merecer discussão, ao passo Raúl Meireles parece já beneficiar da
falta de opções para a titularidade, uma situação que pode vir a alterar-se em
breve.
Por tudo aquilo que conseguiu, sendo premiado com o regresso ao FC Porto, Josué
Pesqueira não mereceria também um lugar nesta equipa, tal como André Martins,
formando-se um leque de opções com Ruben Amorim, que apresenta muita utilidade
pela sua polivalência? Como explicar a presença de Rúben Micael nesta equipa
depois de uma época tão irregular?
Nas alas ofensivas existe o problema do excesso de oferta, com Cristiano
Ronaldo, Nani, Silvestre Varela e Vieirinha a fazerem parte dos eleitos,
ficando de fora jogadores como Pizzi e até Licá, que mereceria uma chamada por
poder também cumprir funções de segundo avançado e assim ocupar o lugar de
Nelson Oliveira, que foi incapaz de conquistar a titularidade, juntando-se a
Hélder Postiga e, ao invés de Hugo Almeida, que vive uma fase descendente da
carreira, porque não Amido Baldé?
Teríamos desta forma uma Selecção Nacional mais jovem e inclusivamente mais
capaz. Infelizmente, Paulo Bento não parece conseguir percebê-lo. Ou não querer
percebê-lo. De qualquer forma, essa insistência poderá levar-nos ao Mundial
2014… mas para a bancada.
Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: D.R.
Nova Academia de Talentos
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