CARREIRA
DE MEDEIROS PARA O FUTEBOL PROFISSIONAL
Sandro Medeiros vai seguindo uma carreira recheada na área da formação de
jogadores, mas espera mais
Entendido na tarefa de observar e analisar os melhores talentos, o técnico
português Sandro Medeiros foi dando continuidade à sua carreira fora do
País, expressando que “quando
se tem ambição nunca corre como desejamos pois é sempre nosso desejo alcançar
algo mais.”
O técnico avança que “este projecto internacional na Índia ao
serviço da Football By Carlos Queiroz neste momento em parceria com a Imperial
International Sports Academy tem corrido bem felizmente, era direccionado
essencialmente para a formação técnica dos treinadores pela criação de um
modelo de desenvolvimento a ser aplicado por esses mesmos treinadores.”
O trabalho realizado na Índia passava ainda “pela criação de um programa
escolar mais eficiente no treino de futebol para tentar cativar cada vez mais
praticantes,” explicou. O treinador esclarece que “felizmente tudo tem corrido bem,
estamos na recta final e todos os objectivos propostos foram conseguidos, como
tal está próximo o regresso a Portugal. Gostaria que esse regresso coincidisse
com o meu regresso ao futebol enquanto treinador.”
“Estive
um ano fora do país a fazer um trabalho diferente, apenas preocupado com a
metodologia e organização e claro, são imensas as saudades. Vamos aguardar e
esperar que possa aparecer a oportunidade certa com as pessoas certas”
depois do trabalho realizado na Índia.
Assim,
“não coloco de parte, antes pelo contrário, a hipótese de ingressar no futebol
sénior como adjunto de um treinador sério e competente e com o qual fosse
possível aprender e evoluir.”
Sandro
Medeiros trabalhou num fuso horário bem diferente e muitas vezes treinou
enquanto em Portugal… se dormia, embora
tenha tido tempo para algum lazer e conhecer uma cultura também bem diferente.
Em que clube está agora a trabalhar?
Este ano não estou a treinar, não surgiu nada que me agradasse, e sinceramente
quero-me ‘desvincular’ do futebol de formação porque senão começam a surgir
rótulos de formação e a entrada no futebol sénior não surge. Estou só a
colaborar com um clube do Campeonato nacional de Seniores em observações
directas.
Para que clube está agora a colaborar em regime de observações?
Neste momento para o Clube Operário Desportivo dos Açores do Campeonato Nacional de Séniores. Já tinha colaborado com o clube na época 2007/2008 através de um convite do Mister Francisco Agatão e do Presidente Gilberto Branquinho e é um prazer voltar a uma casa pela qual tenho um carinho enorme. Principalmente porque também vou tentar ajudar um Treinador jovem como o André Branquinho que sempre me apoiou e pelo qual tenho uma amizade muito grande.
Como decorreu a época
passada para si? Trabalhou em algum clube?
A época passada para
mim começou apenas no final de Janeiro, foi quando tive o convite da Juventude
da Castanheira para treinar a equipa de Sub13. Foi um convite que aceitei com
muito orgulho e onde tentei ajudar da melhor forma que sei tanto o clube como
aquele grupo fantástico de jogadores.
Começou a tornar-se
conhecido no futebol de formação ao ter treinado os Infantis do Vialonga
durante duas épocas e meia. Como caracteriza essa experiência?
Bem o conhecido é
sempre subjectivo, na altura e falamos de 1995, não era usual os treinadores
começarem tão cedo, estamos a falar de uma altura onde a formação através da
via de ensino pelas faculdades não era tão presente como nos dias de hoje. E
como tal éramos todos mais conhecidos uns dos outros por não haver muitos
treinadores novos, principalmente já a pensarem o jogo e o treino de forma
diferente.
Foi a minha primeira
experiência, recordo de sentir muitas dificuldades, mas também fui muito
ajudado por todos os colegas e jogadores que tive. Nessas épocas subimos de
divisão uma vez, vencemos sempre o Sporting CP em nossa casa, lançamos algumas
bases importantes em termos da formação de jogadores mas fundamentalmente foi
importante para o meu início de carreira pela aprendizagem e pela experiência.
Em seguida passou
para os Iniciados do mesmo clube. Tinha outros convites na altura ou optou pela
continuidade?
Nessa altura foi uma
passagem de escalão normal, eu ia acompanhar aquela geração, ia dar
continuidade a um trabalho que vinha a ser desenvolvido e claro estamos a falar
de trabalhar na 1ª divisão, (ainda não existia a divisão de honra) e era sempre
aliciante estar com um clube mais pequeno um degrau abaixo dos Campeonatos
Nacionais.
Sinceramente na
altura nunca equacionei sair do GD Vialonga sentia-me muito envolvido no clube
por motivos familiares, o meu pai tinha lá jogado praticamente toda a carreira,
adorava a minha Direcção, a envolvência do clube, eu cresci ali e sentia muito
orgulho em dar continuidade aquele trabalho.
Pouco depois seguiu
para o Vilafranquense, onde treinou Iniciados, Juvenis e Juniores. Foi a melhor
opção que teve no momento?
A saída para a UD
Vilafranquense foi toda ela graças a uma pessoa, o Mister Rui Muller, estávamos
em 1998 tínhamos tirado o 2º nível juntos e ele ia assumir os Séniores da UD
Vilafranquense na 2a Divisão B e quis-me perto dele. Falou com a Direcção e
tudo ficou consomado. Curiosamente 15 dias depois fui convidado para os Sub14
do CF Estrela da Amadora mas já tinha dado a minha palavra e isso vale muito.
A opção de ficar na
UD Vilafranquense era sem dúvida a melhor para mim, estava num clube com boas
condições, com uma geração de jogadores fantástica que me dava muito prazer
acompanhar. Depois existe a questão emocional de ter sido muito bem recebido numa
terra com arte e muita paixão, onde fui de imediato contagiado pelos costumes e
tradições e da qual muito me orgulho.
Depois dessa
experiência teve pelo meio uma época como treinador dos Iniciados do At.
Povoense. Esse ano foi um passo em frente para si? Teve convites para
treinar escalões superiores?
Quando saí da UD
Vilafranquense em 2002 fui para a Escola de Futebol Simão Sabrosa, era um
projecto que iria recomeçar de novo, o Prof. Miguel Nunes ia assumir a gestão
do projecto fez-me o convite e eu aceitei. Em termos de carreira como treinador
reconheço que não foi um passo em frente, mas naquilo que considero a evolução
de um treinador e o domínio de todas as áreas foi bastante importante, por isso
aceitei com muito gosto e tenho muito orgulho no trabalho que lá desenvolvemos.
O convite do UA
Povoense surgiu pelo coordenador Victor Mesquita que era meu colega na EF Simão
Sabrosa e resolvi aceitar. Eu queria voltar a treinar e pareceu-me ser um bom
projecto, de facto confirmou-se foi um ano bastante bom, com um grupo de
jogadores fantásticos, uma Direcção que me apoiou em tudo e sinceramente gostei
bastante de ter passado pelo UA Povoense.
Depois do Povoense
surgiu-lhe o Benfica, para trabalhar como prospector. Como lhe surgiu essa
possibilidade?
Eu estava no UA
Povoense a época corria acima das expectativas e tive o convite do Bruno Maruta
para entrar na estrutura, pensei bastante bem porque iria ser novamente uma
pausa na minha carreira de treinador, mas não se pode recusar um convite
destes.
É um clube muito
grande, era um projecto recente e era toda uma experiência que não tinha
preço.Entrei como Prospector passado um ano passei a Responsável de Distrito
onde estive dois anos e no último voltei a ser Prospector. Foi uma experiência enriquecedora.
Quatro épocas depois
deixou o Benfica para orientar os Juvenis do Oeiras. Saiu pelo facto de poder
voltar ao banco de suplentes?
Não foi a principal
razão de todo.Com a saída do Bruno Maruta para o Sporting CP existiram muitas
mudanças e eu fui uma delas. Foi uma decisão de quem geria na altura. Mas foi
importante sair para um Clube referência como é a AD Oeiras.
Estamos a falar de
2002 a 2009 com apenas uma época no meio como Treinador do UA Povoense, são 7
anos de inactividade como Treinador, e ter a possibilidade de ir para um clube
como a AD Oeiras foi claramente uma oportunidade excelente.
Tive o prazer de
trabalhar como Mister João Plantier, Baciro Candé e Hugo Terroso nos Sub15, com
o Mister Tito e Bernardo Bruschy nos Sub13 e Sub12 e passado um mês surge o
convite para assumir os Sub17 e Sub16 no Campeonato Nacional e Distrital
respectivamente.
Na época seguinte trabalhou como adjunto da equipa sénior. Considera que foi
a entrada mais indicada no futebol sénior?
Pelo meio ainda estive
um ano na Football by Carlos Queiroz ligado ao projecto da Manchester United
Soccer Schools em Portugal. Eu acredito que sim, tendo passado por praticamente
todas as funções ligadas ao Futebol, quer no treino quer fora dele, estava na
altura e no momento certo para entrar no Futebol Sénior.
A entrada como
Treinador adjunto permite-nos acima de tudo aprender muito sem sermos tão
expostos como seríamos como Treinadores Principais, e hoje após essa passagem
como adjunto posso dizer que estou muito mais preparado do que antes dela.
No ano seguinte
viajou para a Índia integrado na Football by Carlos Queiroz. Foi uma
experiência recompensadora?
Preferia ter
continuado a trabalhar ligado ao Futebol Sénior mas não tinha tido convites
para trabalhar, e no contexto da altura era uma experiência que poderia abrir
portas no futuro e voltar a ter um projecto profissional. Portanto a opção foi
fácil de tomar.
Fomos num contexto
diferente como consultores de uma empresa que tem várias academias, e tínhamos
como função padronizá-las pela imagem Football by Carlos Queiroz. Em termos de
experiência foi fantástico, aprendi bastante e contribuiu bastante para a minha
formação enquanto Treinador e como pessoa.
Depois de ter trabalhado na Índia, essa experiência trouxe-lhe convites de
trabalho?
Curiosamente foi o
contrário, a generalidade das pessoas não sabia sequer que eu já tinha
regressado, as que me viam achavam que eu iria voltar para a India e certamente
nunca mais sairia de lá e curiosamente não houve contactos para voltar a
trabalhar.
Claro que aproveitei
esse tempo para estagiar com alguns Treinadores entre eles o Marco Silva do GD
Estoril Praia e para ver bastantes jogos e "reconstruir" a minha base
de dados. Foi um curto tempo de inactividade mas que aproveitei da melhor forma
para continuar a minha formação enquanto Treinador.
Acabou por para o Juventude Castanheira treinar os Infantis. Considera ter
sido a melhor escolha?
Naquela altura da
época sim foi a melhor opção e foram os únicos a terem a iniciativa de me convidarem
a trabalhar. Ia voltar a treinar, fundamentalmente isso. Depois é um clube que
já tinha manifestado interesse em mim por diversas ocasiões e isso era uma
dívida que tinha para com aquelas pessoas.
Uma Direcção fantástica que me apoiou sempre e que me deu todas as condições
para desenvolver um trabalho que considero um dos que mais prazer me deu. Apesar
de só ter entrado a meio da época, guardo-a com um carinho e orgulho muito
grandes.
Tem recebido convites nos últimos tempos?
Sim, este ano tive vários
convites. Felizmente o facto de ter voltado a treinar voltou a abrir certas
portas.
Aceitei um deles e iria voltar a um clube que me diz muito mas a falta de
seriedade de certas pessoas não o tornaram possível quando tudo estava
confirmado. É outra experiência
que nos torna mais ricos.
O seu percurso parece apontá-lo à fixação no futebol sénior. Acha-se
preparado para esse passo?
Sinceramente e tendo
em conta todo o meu percurso e experiência sinto-me preparado. Mas tem sido
muito complicado entrar no mercado, existe um círculo muito fechado de
Treinadores que torna quase impossível a entrada de um elemento “estranho”.
Mas aguardo
serenamente pela oportunidade que considero certa. É importante também não me
precipitar e da mesma forma como sempre ponderei todos os passos da minha
carreira também a escolha de um início no futebol sénior tem de ser ponderada. Não
basta entrar apenas por entrar. Aguardo fundamentalmente um projecto onde eu
possa ajudar a crescer e possa crescer.
Texto: Rafael Batista Reis.
Imagem: D.R.
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