REBELDIA
NA RÁDIO FAZ-SE COM BARULHO.
Paulo Barulho, ou uma boa surpresa nas narrações de futebol pela rádio.
Nestes anos que vão passando na minha carreira tenho tido a
possibilidade de encontrar pelo meio desportivo, mais precisamente nos meandros
nos quais trabalho, o futebol, vários profissionais com valia nos mais diversos
quadrantes, desde os próprios futebolistas, passando por treinadores,
delegados, dirigentes e até mesmo jornalistas.
No que toca à rádio, esta temporada acabo por deparar-me com uma ‘lufada de ar
fresco’ chamada Paulo Barulho, a quem se atribui qualidade para persistir neste
meio nos próximos anos e se deixa conhecer numa interessante entrevista.
Como te caracterizarias enquanto
profissional? Quem te escuta acha que és a
voz rebelde dos relatos da bola?
Considero-me uma voz rebelde dos relatos de futebol ou da bola. Todos nós temos a liberdade de transmitir a nossa opinião e que aceito essa definição que me fazem, mas creio que não é a voz, mas sim a minha própria personalidade, cuja rebeldia existe e sem ela não me sentiria vivo, nos relatos e em todas as vertentes da minha vida sociais e laborais, e sem essa chamada rebeldia não vivo, gosto de ser como sou.
Vamos
aproveitar para aprofundar um pouco sobre a tua carreira. Aspecto sobre o qual
obrigatoriamente tenho de te perguntar – quais são as rádios para as quais já
trabalhaste?
Comecei numa fase de estágio sem receber um tostão e que
tenho muito a agradecer a essa equipa que encontrei por ter apostado em mim
para uma web rádio que se chama Voz Desportiva, na qual hoje sou ainda
colaborador, em 2009, depois estou há 4 anos com a Rádio Portalegre.
Depois
costumas colaborar com outras, não é?
Em 2009/2010 obtive a carteira profissional
como enviado especial da Rádio Portalegre e que para mim é sem dúvida nenhuma
onde eu vivi grandes momentos de emoção com os clubes que acompanhei aqui em Lisboa
e Setúbal e arredores, nomeadamente o FC Crato e o Eléctrico de Ponte de Sôr,
como sou free lancer, Rádio Barcelos também com o Gil Vicente e Braga aqui em
Lisboa e Setúbal, Rádio Montemuro de Cinfães, Rádio Sines, Rádio Universitária
do Algarve faço também para eles quando o clube do meu coração, o Farense, joga
aqui por estas bandas.
Rádio Foia, Rádio Oásis, que cobre o distrital de Lisboa…mas a minha
casa-mãe é sem dúvida nenhuma a Rádio Portalegre, também em imprensa escrita
colaboro com o Jornal Alto Alentejo no desporto. Uma curta carreira mas com
boas coisas e muito por continuar a aprender e a alcançar.
Estamos
no mesmo barco. Jovens, carreira curta e ainda com muito para crescer...
Em idade sou um pouco mais velho, 37 anos, por várias circunstâncias na
minha vida talvez tenha começado tarde nisto mas sou um jovem com um espírito
rebelde. Devo também frisar que trabalhei
com o Jornal Ocidente também em Sintra e em imprensa escrita como free-lancer e
também no Diário de Aveiro, este último na cobertura por escrito da Final da
Taça de Portugal feminino entre 1º Dezembro e Albergaria... e também fiz muitos
relatos dos campeonatos de Juniores e Juvenis, nomeadamente na Voz Desportiva.
Aprofundemos
estas experiências. Efectuas alguma preparação especial para estes trabalhos?
Tenho um ritual antes de fazer qualquer relato
sempre não falha, faça sol ou chuva, frio, tempestade e seja que clima for,
mergulho com natação pelo menos durante 30 minutos nas noites
antecedentes ou manhãs antecedentes aos jogos. O mar em si, é uma minha grande paixão, pois sinto-me muito bem, com paz e muita serenidade no meu interior quando estou em contacto com o mesmo.
Curioso, um ritual engraçado.
Pois é, mas é radical, especialmente à noite, no meio da escuridão mas é
sempre, tem de ser.
Pois, bastante arriscado, até.
Tem uma razão de ser, no meio daquela imensa escuridão dentro da água, numa
infinita imensidão, é que se sente e vê o quanto somos pequenos nesta natureza
mas é uma sensação indescritível de adrenalina.
Cada um
ao seu estilo, é importante levarmos essas 'injecções' de moral e confiança...
Resumindo e concluindo; há malucos para tudo. E sigo também vários
clubes com particular interesse, em especial os grandes jogos em Faro.
Faço cobertura semanal aos jogos do
Loures, um clube que tens admirado particularmente esta época. Como analisas a
carreira dessa equipa?
Em Pina Manique, recordas o que
disse, que o Loures vindo do distrital era um outsider, mas que era a equipa
que iria fazer coisas giras. Está a confirmar-se.
Também falámos sobre a sua forma de
jogar. o delegado do clube é o primeiro a admitir que a equipa não joga bonito,
mas tem um colectivo muito forte. Que vislumbras da competição na Série G do
Campeonato Nacional de Seniores?
Vejo também que o Sintrense está a
crescer muito nos últimos jogos, e já recuperou muitos pontos.
E em relação ao Farense, o clube da tua
preferência?
Vejo que tem contado com um grande jogador de futebol e que ainda o vai ser
no futuro ainda mais – Ibukun. Pena a sua saída.
Por acaso gostei dele, bons pormenores.
Foi para o 1ºAgosto de Luanda, mas uma coisa é certa, vai fazer muita falta ao
esquema de manobra ofensiva do Farense.
Como se descobre a capacidade para os relatos?
Treinando no chuveiro, por exemplo, ou seja, quando estiveres sozinho. E nomeadamente quando ainda somos crianças, ao se fazer em frente á TV a relatar com as imagens desse jogo, com a prática, fiz várias crónicas de jogos de equipas da zona do Alentejo durante 3 temporadas. Resumindo e concluindo, descobre-se de muito pequenino esta vocação de se querer fazer relatos de futebol, mas VIP não quero ser, sou humilde e
persistente por natureza. Os relatos de futebol para mim são uma forma de estar na vida.
Texto: Rafael Batista Reis.
Imagem: D.R.
rafaelreis.rbr@gmail.com
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