quarta-feira, 2 de setembro de 2015



Novo destino na rota do viajado Vasco

Antiga esperança do futebol nacional, Vasco Fernandes identifica-se actualmente como um dos mais viajados futebolistas portugueses na actualidade, tendo já alinhado em quatro diferentes Ligas e esta época experimentado uma nova realidade ao ter assinado pelo Pandurii da Roménia, onde em conversa em exclusivo com o NOVA ACADEMIA DE TALENTOS indica o desejo de vingar e regressar às competições europeias.

Assinou esta temporada com o Pandurii, onde tem sido titular indiscutível. Satisfeito com a escolha?

Sim, sem dúvida foi uma excelente escolha, desde o primeiro momento senti a confiança máxima do treinador e da direção, fizeram-me sentir que seria importante neste projecto, pelo que não poderia estar mais satisfeito. tenho que agradecer ao Presidente e ao empresário Diego Martins por todas a condições proporcionadas nesta minha transferência para o Pandurii.

Antes de assinar pelo Pandurii, tinha outras propostas em carteira? O que o levou a ter esta escolha?

A verdade é que tinha outras possibilidades mas a partir do momento em que o Pandurii se pôs em contacto comigo não duvidei, desde a primeira abordagem as coisas foram tratadas com muita seriedade, rigor e honestidade, bases fundamentais para começar um novo projecto e o facto de ser uma equipa que á dois anos esteve na fase de grupos da Europa League também me influenciou bastante..

Deu início à carreira no Olhanense, onde ganhou estatuto de ‘coqueluche‘. Acha que saiu do clube na hora certa?

Sim, acho que depois de ter conseguido chegar à Selecção Nacional num clube de tão pouca dimensão naquela altura era o momento indicado para dar outro rumo á minha carreira e assim foi.

O Olhanense está neste momento na II Liga. Como olha para o momento actual do clube?

O momento actual do Olhanense é muito complicado, com vários problemas financeiros e é com muita pena que vejo o clube da minha cidade nesta situação. É um clube que necessita uma reestruturação profunda para voltar a crescer com bases sólidas, cimentado na formação para voltar a sonhar a estar entre os grandes do nosso país, só assim vejo um futuro risonho para o Olhanense..

Chegou cedo ao Bordeaux, mas nunca chegou a ser utilizado. Foi uma má escolha naquele momento?

Naquele momento o Bordeaux era o clube ideal para terminar a minha formação, ia estar num país que é referência a nível de formação de jogadores e tinha a oportunidade de ingressar num clube enorme. Sem dúvida foi a escolha certa para mim, compartilhei vestuário com campeões do mundo como Denilson ou Ramé e aprendia todos os dias de grandes jogadores como o Beto depois de tantos anos como capitão do Sporting, sem dúvida uma das maiores experiências da minha vida...

Passado o Bordeaux, regressou ao Olhanense para voltar a jogar. Era esse regresso às origens que necessitava para recuperar confiança?

Sem dúvida, era o que necessitava, depois da primeira grande experiência no estrangeiro voltar a casa, estar junto dos meus e sentir a confiança das pessoas foi fundamental para mim mas tudo isto não teria tido sentido se o Mister Fernando Balela não tivesse apostado em mim da forma que o fez e com o convencimento que teve, estar-lhe-ei eternamente agradecido.

A segunda experiência internacional deu-se no Salamanca. Como descreve essa temporada?

Salamanca foi uma etapa espetacular na minha carreira, pela primeira vez tinha a possibilidade de jogar num campeonato totalmente diferente ao que estava habituado, um campeonato super competitivo, difícil e sobretudo técnico, como é o espanhol, uma grande experiência que me ajudou bastante no futuro..

Após um ano em Espanha, novo regresso a Portugal e desta feita para o Leixões. Foi acertada a escolha?

Leixões foi sem dúvida o meu melhor ano a nível colectivo, no meu ano de estreia na Primeira Liga, conseguir vencer no estádio do Dragão, Alvalade, eliminar o Benfica para a Taça de Portugal e estar praticamente a primeira volta do campeonato em primeiro e em segundo lugar, é algo histórico para um clube como o Leixões e para nós jogadores que fazíamos parte daquele grande grupo de trabalho.

Na época seguinte, foi emprestado a um clube histórico como o Celta e desportivamente as coisas correram bem com uma grande utilização. Por que motivo o Celta não avançou para a compra?

Depois de uma grande época em Portugal partia para esta nova aventura com uma enorme confiança e assim ficou demonstrado pela grande época que fiz no Celta de Vigo, no entanto juntamente com o meu empresário na altura decidimos que o melhor para a minha carreira depois de várias reuniões com o director desportivo e o vice-presidente era aceitar uma grande proposta de um clube da série A italiana. Esse foi o motivo para nem valorizarmos a possibilidade de continuar em Vigo a título definitivo.

Manteve-se em Espanha, onde o Elche o adquiriu. Como compara essa época com a anterior no Celta?

O Elche surgiu depois de a grande possibilidade da minha carreira ter desaparecido e não ter sido contratado por esse histórico clube italiano, foi como uma segunda opção para a qual fui com mentalidade de trabalhar forte mas desapontado pela grandes expectativas que tinha criado em relação ao que podia ter sido o contrato da minha vida e não se realizou. Aí foi a grande diferença entre o grande ano anterior no Celta e esta nova experiência no Elche.

O terceiro regresso a Portugal não correu pelo melhor ao não ter cumprido qualquer minuto pelo Beira-Mar. Tal deve-se a problemas como lesões?

O meu passo pelo Beira-Mar foi simples, não joguei porque não fui inscrito!! Depois de rescindir o ano de contrato com o Elche, de perder bastante dinheiro em voltar a Portugal por conselho do meu empresário na altura deparei-me com o maior problema da minha carreira que podia ter-me arruinado a vida.

Um fundo de investimento que tinha comprado os meus direitos económicos quatro anos antes ao Olhanense surgiu nesse momento negando-me de poder exercer a minha profissão no Beira-Mar com a contrapartida de que se o fizesse teria que pagar cinco milhões de euros de indemnização. Por este simples facto com o conhecimento do meu empresário, o Beira-Mar decidiu não me inscrever, num ano tinha passado de poder fazer o contrato da minha vida a ser um jogador que só podia treinar!

Uma vez mais (pela terceira vez) representou o Olhanense. Pode considerar-se que foi o clube ideal para reabilitar confiança e recarregar baterias sempre que passou por experiências negativas?

Depois de seis meses impossibilitado de jogar o Olhanense foi a única possibilidade que tive de voltar a exercer a minha profissão, deu-se a coincidência de ter sido a terceira vez, voltava a casa junto da minha gente e do clube da minha terra. Tive a sorte de encontrar grandes companheiros e sobretudo de trabalhar com uma grande equipa técnica como a do Sérgio Conceição com a qual todos os dias aprendíamos e melhorávamos alguma coisa.

Após isso, conheceu o terceiro país em competição ao ter assinado pelo Platanias Charias, na Grécia, onde foi titular indiscutível. Foi portanto uma aposta ganha?

Sem dúvida que Platanias foi uma aposta ganha a todos os níveis, senti-me importante em todos os momentos, encontrei um clube e um presidente com uma seriedade fora do normal, uma qualidade de vida para mim e para a minha família estupenda. Sem dúvida alguma uma das melhores fases da minha carreira!

Em contrapartida, na época seguinte foi pouco utilizado no Aris. Arrepende-se da troca?

Um dos maiores erros da minha vida foi ter rescindido o ano de contrato que me restava com o Platanias por uma suposta oferta milionária da Ucrânia que nunca se chegou a concretizar, aí já com todos os mercados fechados tive De aceitar a única possibilidade que tive que era o Aris.

Um clube com uma instabilidade incrível onde tive três presidentes e quatro treinadores numa temporada! Apesar de difícil sobreviver a isto tudo ainda participei bastante a nível de jogos mas não com efectividade individual e coletiva que esperava, obviamente.

Ao actuar no Pandurii, o Vasco conhece assim a quarta Liga diferente. Espera ainda juntar mais ao seu 'currículo'?

Neste momento só penso no Pandurii e em conseguir os nossos objetivos que são participar na Europa League na próxima temporada, estou muito contente aqui, muito agradecido pela grande oportunidade que me deram, por todas a condições que me proporcionam, pelo que neste momento não penso em sair daqui tão cedo...

Chegou a internacional sub-21 e ao estatuto de promessa do futebol português. Que problemas considera responsáveis por nunca ter chegado à Selecção A?

Primeiro é com grande orgulho que vejo jogadores com que partilhei muitos e bons momentos terem carreiras tão sólidas a nível de clubes e sobretudo na seleção A. Partilhar experiências com João Moutinho, Nani, Rui Patrício, Fábio Coentrão, Veloso, Vierinha, Manuel Fernandes, Tiago Gomes, entre outros, e agora vê-los como presenças indiscutíveis na Seleção A é algo fantástico.

Em relação a mim, acho que nunca ter tido a felicidade de ser internacional A depois de tantos anos nas categorias inferiores deve-se sobretudo a uma muito má gestão da minha carreira desportiva e a eu em alguns momentos também não ter estado ao nível que se exigia para poder chegar a sonhar em representar o meu país ao mais alto nível.

O Vasco é conhecido pela polivalência que lhe permite jogar como central e lateral direito, mas no entanto é comentado que o seu início de carreira se deu como avançado. Como se processou a mudança?

É verdade que em alguns momentos da minha formação cheguei a jogar na frente de ataque mas eram situações esporádicas dado que o nível em que competia a nível do Algarve era bastante baixo pelo que me podia permitir algumas excepções, mas sem dúvida alguma que onde sempre se me dei melhor foi a defender.

Para além da nacionalidade portuguesa, o Vasco é também cidadão da Guiné-Bissau. Por que razão nunca aceitou representar a Guiné?

É verdade que já recebi mais de um convite para ajudar a seleção da Guiné-Bissau mas por umas circunstâncias ou outras nunca se proporcionou, nesta vida nunca se sabe mas neste momento a minha grande prioridade é tentar participar na Europa League com o meu clube. 

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