domingo, 9 de agosto de 2015




Finalmente uma Supertaça a sério
Instituída como a prova que dá início à temporada desportiva em Portugal – ainda que na verdade a Taça CTT (Taça da Liga) e até a Segunda Liga já tenham tido o seu início, a Supertaça Cândido de Oliveira representa o primeiro troféu da época ainda que normalmente também o último encontro da pré-temporada das equipas que anualmente o disputam e não por isso o hábito de ser um jogo para ficar na História.
Este ano, porém, será diferente. Não que revalidar a Supertaça, no caso do Benfica, ou conquistá-la ao fim de alguns anos de jejum constituía um objectivo primordial da época de cada uma das duas equipas, mas face à rivalidade entre ambos os polos, a presença de Jorge Jesus como ponto central de ligação a ambos os conjuntos e o facto de nesta temporada que se inicia ambos avançarem ambições muito elevadas para 2015/2016.
Começando pelo bicampeão nacional Benfica, este perfila-se nesta altura como uma incógnita pelo momento que atravessa composto por uma pré-época sem qualquer vitória e um processo de mudança motivado pela mudança de treinador, alguns jogadores e até mesmo, ao contrário do que afiança Jesus, da própria forma de jogar – este Benfica de Rui Vitória, como se pode perceber facilmente, é hoje um projecto de uma equipa que privilegia o futebol em toque, com muita posse de bola.
Longe, por isso, do futebol de transição rápida e constantes acelerações ofensivas que marcava o ‘Benfica de Jesus’ – o resto são declarações ‘bacocas’ e de reduzido interesse moral e humano. Todavia, esta mudança de processos demora a assimilar e como tal vários dos elementos sobre quem se espera o estatuto de figura vêm revelando dificuldades para coloca-lo em prática, com destaque para o lateral André Almeida, os centrais Luisão e Jardel e os criativos Anderson Talisca e até a estrela Nico Gaitán.
Sporting apresenta-se mais estabilizado e com uma defesa já devidamente entrosada
O meio-campo encarnado poderia escolher a imposição física e táctica a meio-campo para controlar o encontro, mas não creio que tal venha a ser a opção visto que Ljubomir Fejsa deverá começar como suplente e Bryan Cristante não foi sequer convocado. Prevêem-se, portanto, poucas mexidas.
Fica a dúvida se Rui Vitória opta pela audácia de arriscar alterar e assim surpreender o adversário com os extremos Mehdi Carcela-Gonzalez, dinâmico e sem pejo em arriscar, Ola John, que apesar dos defeitos que lhe são justamente apontados possui características essenciais para o tipo de jogo que Vitória mais aprecia, ou até jovens como Nélson Semedo (deu muito boa conta de si na pré-temporada) ou Victor Lindelof (possui muitos mais atributos do que os que demonstrou até à data).
A única dúvida centra-se mesmo no ataque, onde Islam Slimani tem com todo o mérito (será neste momento o melhor ponta-de-lança a actuar em Portugal) lugar reservado e ainda falta escolher o seu companheiro que garantidamente será colombiano e que aparentemente será Fredy Montero, mais dotado tecnicamente do que Teo Gutierrez, com características mais adequadas para formar dupla com Slimani e neste momento muito mais entrosado com os restantes companheiros do que o compatriota.
Já o Sporting chega a esta final bem mais estabilizado com um onze base que parece estar praticamente encontrado, com uma defesa que deverá ser entregue ao guarda-redes Rui Patrício, os laterais João Pereira e Jefferson e os centrais Naldo e Paulo Oliveira, um quinteto que parece já bastante bem entrosado, a habitual linha de quatro a meio-campo que Jesus tanto aprecia com os extremos André Carrillo e Bryan Ruiz e uma dupla de centrocampistas formada por Adrien e João Mário. Com tudo para já a correr ‘sobre rodas’, espero um Sporting mais forte na entrada em campo, confiante e provavelmente dominador em termos territoriais no decorrer da partida; no entanto, o próprio Benfica estará ciente do ímpeto e momento do seu oponente pelo que não se deverá expor tanto como será expectável. Benfica estará ciente do momento sportinguista, o que deverá resultar numa final a não esquecer
No entanto, caso o Benfica não assuma problemas em ‘oferecer’ mais bola ao seu rival, o Sporting deverá assumir cuidados redobrados tanto a atacar, convertendo as oportunidades que tiver à sua disposição, como a defender ao não se permitir a desconcentrações visto que as águias são detentoras de atacantes móveis, letais nas tabelas e lançamentos nas costas da defesa adversária e a acima mencionada experiência que permite converter nos momentos mais importantes da contenda.
Isso poderá retirar alguma estética à exibição benfiquista mas por outro lado evitar que o Sporting capitalize essa indefinição táctica na construção de jogo, o que tornar a águia ainda mais perigosa por poder jogar de forma mais expectante e até especulativa até porque possui no seu grupo jogadores de muita experiência capazes de equilibrar forças mesmo que com menos bola. Confrontando um maior ímpeto ofensivo sportinguista a uma maior maturidade e consistência benfiquistas, apostaria numa igualdade a uma bola com vencedor definido através de grandes penalidades, o que tornaria esta Supertaça ainda mais emocionante e memorável.
Assim, caso o Sporting se mostre ineficaz na hora de atirar à baliza o factor ‘habituação aos palcos de decisão’ poderá ser determinante e nesse processo os encarnados levam vantagem. Em suma, se o resultado mais provável será um 1-1, não seria de espantar um magro 1-0 a favor do Benfica. De qualquer forma, se é sempre complicado prever o resultado de um grande jogo, este é de facto um daqueles ‘de tripla’…

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