domingo, 14 de junho de 2015




Apesar da qualidade demonstrada, lamenta-se o afastamento de Portugal do Mundial sub-20, ainda mais depois de uma exibição globalmente bem conseguida perante o Brasil, no entanto revelando um desacerto que já não era novo e que tinha tido lugar na eliminatória anterior ante a Nova Zelândia.

Tanto sofrimento era desnecessário, mas foi muito importante para Portugal ter conseguido evitar o prolongamento dado que ao mesmo tempo o Brasil foi obrigado a um exigente e dramático prolongamento com desempate por grandes penalidades, o que foi claramente uma vantagem durante não só os 90 minutos como ainda no tempo extra com o domínio total da partida.

Adversário que a equipa lusa conhece bem pois ainda há menos de duas semanas ambas as equipas se defrontaram no decorrer do estágio na Austrália, o Brasil foi a todo o momento controlado pelos sub-20 nacionais, que no entanto voltaram a revelar graves problemas no aspecto da finalização.

Não parece que a derrota sofrida há duas semanas tivesse tido alguma influência pois na altura ambas as equipas aproveitaram para fazer experiências mas de qualquer forma o conhecimento mútuo terá sido outro dos pontos a ter em atenção para se fazer o devido estudo a este Brasil que talvez não tenha tantos craques como é habitual mas que funciona muito bem enquanto equipa, o que acentua o mérito português em ter manietado um difícil adversário.

Pontos a melhorar como a finalização foram de facto evidentes, mas foi acima de tudo a postura do próprio técnico que colocou a equipa em perigo e a conduziu à eliminação com as suas alterações nas quais actuou constantemente em reacção ao invés de o fazer para agir, desperdiçando possibilidades de resolver os encontros com maior tranquilidade para preferir realizar as substituições apenas sob três cenários.

Penalty desperdiçado por Guzzo representa uma irresponsabilidade repetida por outros no passado

Quem assistiu aos encontros frente a Senegal, Qatar, Colômbia, Nova Zelândia e Brasil terá percebido que Hélio Sousa apenas mexe quando a tal é obrigado: cenário 1, quando a equipa sofre um golo, o que felizmente apenas sucedeu por duas ocasiões, cenário 2, para segurar a vantagem já conseguida, ou cenário 3, impedimento físico de algum jogador, o que ante a turma brasileira voltou a ser penalizador para a própria equipa.

Ante o Brasil, será de questionar qual o motivo da entrada de Ivo Rodrigues a poucos minutos do final do prolongamento quando poderia ter ajudado a imprimir maior pressão sobre o último reduto adversário que por várias razões tremeu com as iniciativas de Rony Lopes e Gelson Martins. Não teriam sido Ivo e Gonçalo Guedes, que nem sequer foi utilizado, opções a ter em conta para criar dúvidas aos defesas brasileiros e oferecer mais frequentes e variadas situações de remate?

Assim, depois de 120 minutos de incompetência na finalização, as grandes penalidades revelaram-se fatídicas com André Silva e Nuno Santos a tremerem perante a responsabilidade e Raphael Guzzo a ter tido um acto que se poderá comparar ao penalty esta época desperdiçado por Romário Baldé nos Juniores do Benfica ou um outro caso protagonizado por Bruno Pereirinha há alguns anos ao serviço da equipa nacional sub-21.

Consumada a eliminação devem ressalvar-se os vários jogadores em destaque, começando por Nuno Santos, o jogador ligado ao Benfica que mais se notabilizou com golos e assistências com a particularidade de apenas frente á Colômbia ter sido titular e nem sequer sido utilizado frente à Nova Zelândia.

Desconhecendo-se as intenções de Rui Vitória para o extremo, seria aconselhável a sua permanência sob a ‘asa’ dos responsáveis encarnados com treinos frequentes na equipa principal, esperando a sua oportunidade, e enquanto essa não surge possui tempo mais do que suficiente para continuar a rodar com o Benfica B na Segunda Liga.

Entre os vários jogadores que se deram a conhecer, André Silva será o grande destaque

Já na Liga NOS se deverá esperar Ivo Rodrigues, que brilhou a grande altura frente ao Qatar com direito a um golo acrobático para além de excelentes pormenores, e apesar de não ter sido muito utilizado na parte final da época frente ao Vitória de Guimarães poderia com uma temporada completa ganhar o seu espaço no clube minhoto numa época de empréstimo que o valorizaria bastante. 

Frente à Nova Zelândia foi determinante a maturidade apresentada por mais uma dupla ligada ao FC Porto, constituída por Rafa, seguro a defender e sempre disposto a cobrir todo o flanco esquerdo em acção ofensiva - claramente capacitado a estrear-se este ano na Primeira Liga, onde deverá evoluir por empréstimo dos dragões, e principalmente André Silva.

O único ponta-de-lança de raiz desta equipa causou sensação pelos golos e movimentação demonstrados frente à Colômbia; desta feita, frente a Nova Zelândia e Brasil, não marcou mas trabalhou perante a oposição contrária de forma incessante num desgaste enorme - será ’trunfo’ a guardar pelos dragões como alternativa aos atacantes mais utilizados da prmeira equipa na próxima época.

Enquanto espera por um lugar, não lhe provocaria quaisquer tipos de dissabores mais uma época de evolução no FC Porto B, onde poderá refinar as muitas qualidades que possui. Finalmente, uma palavra para o guardião André Moreira que se despede do Mundial com apenas dois golos sofridos e terá certamente mais uma temporada de empréstimo ‘patrocinada’ pelo Atlético de Madrid.

Após uma temporada na qual não teve a oportunidade de jogar tanto quanto desejava, o guarda-redes terá como destino um dos vários emblemas que disputam a permanência na Liga NOS ou em alternativa um emblema com projecto de subida na Segunda Liga. Em todo o caso, esta geração apresentou muito talento que em pouco tempo, um futuro próximo, estará a dar cartas.

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