quarta-feira, 25 de outubro de 2017



Mali - o único candidato ainda puro

Como se pode perspectivar o Mundial sub-17, que se vai disputando na Índia e no qual se podem encontrar várias selecções já dotadas de valores que não deixam quaisquer dúvidas quanto ao seu potencial de progressão nas mais altas esferas do panorama internacional?

Simples: antes, a qualidade não era tanta assim e era normalmente o fulgor físico das equipas africanas a ditar a diferença e nesta edição de 2017 não constituiu esse o caso a não ser a partir do Mali, selecção que deu boa conta de si no torneio com o destaque de todos os seus jogadores ainda competirem nos Campeonatos Nacionais do país, situação nem sempre visível nas restantes nações do escalão que cedo vêem partir os seus jovens valores para o futebol europeu.

Esta 4ª feira, o Mali ‘caiu de pé’ precisamente devido a essa razão - dos quatro conjuntos que assomaram à meia-final, apenas este seleccionado africano apresentou um futebol de maior pureza e sem imperativos tácticos atribuídos a um país com superiores condições de trabalho e para a prática do futebol como as finalistas Inglaterra e Espanha (estes os ‘carrascos’ do Mali) e ainda o Brasil, equipa com a qual disputará a terceira posição final, um posto que, assinale-se, seria merecido para um punhado de jogadores que em pouco tempo deverão concluir a sua formação noutras paragens.

A Europa deverá mesmo ser o destino próximo para vários talentos malianos entre os quais devem distinguir-se dois deles: primeiramente o seu principal goleador, Lassana Ndiaye, de 17 anos, que registou a sempre notável média de um golo por jogo - 6 golos em 6 encontros realizados - e conseguiu a proeza de marcar em todos os encontros que disputou com excepção do desafio frente ao Gana, chamando ainda mais a atenção pelo facto de ainda representar o Guidars do seu país da mesma forma que o capitão de equipa Mohamed Camara.

Também ainda a alinhar no seu pais natal representando o Real Bamako, este centrocampista também de 17 anos revelou-se uma força da natureza capaz de transportar jogo em progressão e queimando linhas mesmo apresentando um estilo ainda ‘cru’, com a cabeça pouco levantada e até uma forma de locomoção pouco eficaz que ainda pode e deve ser corrigida. O meio-campo ofensivo maliano acabou por sentir a perda registada pela ausência do seu capitão que na eliminatória anterior, os quartos-de-final disputados com o Gana, foi admoestado com um impeditivo amarelo.

Esse cartão afastou Camara da partida seguinte, acabando por fazer a sua equipa descer de produção e logo perante o campeão europeu em título que aproveitou algumas fragilidades do conjunto africano que não deixou de dar luta e deixar claro que o terceiro lugar da prova está mesmo ao seu alcance apesar da valia que deve ser atribuída ao Brasil. Aconteça o que acontecer, o futuro desta nação parece assegurado.

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