quarta-feira, 15 de abril de 2015



A cumprir a primeira temporada como sénior, Rony Lopes continua a saltar etapas, encontrando-se já entre as opções habituais de Rui Jorge para representar a Selecção Nacional sub-21, conjunto ao qual deverá ser novamente chamado para disputar o Europeu da categoria. Este será um dos objectivos do momento para este jovem atleta que deixou algumas revelações em conversa com o NOVA ACADEMIA DE TALENTOS em parceria com o jornalista Christopher Lima e o blog luso-francês ‘PortuGolo’.

Atingiste a final do Euro 2014 de Sub 19 com Portugal. Descreve-nos o ambiente e a qualidade que têm as equipas jovens da seleção - pensas que alguns dos teus colegas terão lugar na equipa principal? Podemos falar de uma Geração de Ouro como a anterior de Figo e Rui Costa?

A nossa Seleção de sub19 do ano passado era realmente muito forte. Para além de termos jogadores muito evoluídos técnica e tacticamente o grupo era muito unido. Essa união foi fundamental para chegarmos até à final e acabarmos por fazer uma campanha muito positiva.

Há jogadores que certamente vão chegar rapidamente à seleção A, mas é muito difícil compararmos gerações. Cada uma tem o seu tempo próprio e só ganhando títulos para Portugal é que conseguiremos escrever o nosso nome na História, como fizeram Figo e Rui Costa.

Põe-te na pele de Fernando Santos. Tens de integrar jovens jogadores na seleção, quem escolherias? Pensas ter o teu lugar na seleção ? O que podes trazer de positivo ao grupo?

Felizmente não sou o selecionador nacional. Acho que o seu trabalho é muito difícil porque tem de escolher os melhores jogadores para determinado jogo ou competição, pensando sempre no grupo e sujeito a críticas de tudo e de todos.

Quanto a mim, tenho feito o meu trabalho nas camadas jovens de Portugal, sou internacional desde os sub15 aos sub21 e o percurso natural será chegar à selecção principal, mas sei que apenas será possível se continuar a trabalhar e a evoluir muito, porque é preciso ser realmente muito, muito bom para poder representar o nosso país ao mais alto nível.

Já indicaste que não ias necessariamente recusar ir à seleção brasileira no caso de seres convocado, sempre é esse o caso? Pensas que será difícil para ti escolher entre Portugal e Brasil?

Já falei várias vezes sobre esse assunto e não me parece indicado estar a fazer profecias sobre o futuro. Quem me conhece dentro e fora do futebol sabe bem como penso e o que sinto em relação a isso.

Tens alguma mensagem para Fernando Santos?

Nada de especial (risos). Tem feito um bom trabalho, Portugal está de novo no bom caminho para o Euro 2016 e pelo que sei dos colegas com quem falei todos me dizem que é um grande líder, um professor e sobretudo um amigo. Desejo que continue assim e que Portugal consiga os seus objectivos.

Podes dizer-me qual é, para ti, o melhor jogador português? E qual o melhor número 10 que a seleção teve?

Essa é uma pergunta ingrata... Claro que o Cristiano Ronaldo é o melhor do mundo, por isso é aquele que se destaca mais até porque também é um grande capitão. Mas felizmente Portugal tem grandes jogadores para todas as posições do campo. Quanto ao melhor número 10, aquele clássico, nunca me vou esquecer do futebol de Rui Costa. Era genial a forma como jogava e como fazia a equipa jogar. Um maestro.

Dá-me a tua visão do percurso de Portugal na qualificação para o Euro 2016. Vês a seleção apurada para o Euro 2016 em França daqui a um ano?

Tenho 100% de certeza que sim. Começámos com um tropeção, mas já nos endireitámos e vamos estar de certeza no Europeu de França.

Participaste na UEFA Youth League, o que pensas dessa competição? É bom para jovens portugueses conhecer um alto nível?

É espetacular, uma grande iniciativa. Para além de aumentar o nível das competições jovens, tive oportunidade de experienciar novas situações como viajar e conviver com a equipa principal, perceber como tudo funciona e assim estar mais preparado para quando vier a competição "a doer".

No inicio da época jogaste na Liga dos Campeões, a verdadeira, o que sentiste? Preferias ter jogado pelo Manchester City? Pensas que o Lille tinha lugar na fase final?

Foi uma experiência excelente, apenas triste por não termos conseguido a qualificação, mas o FC Porto foi mais forte. A prova de que mereceram a qualificação foi que continuam na competição em Abril, ou seja, estão entre os melhores.

Na ultima época, foste eleito melhor jogador das reservas do Manchester City, pensas jogar na primeira equipa na próxima época, a não ser que fiques no Lille mais um ano?

(risos) Fiquei feliz com a distinção do City, que premiou o meu trabalho durante o ano, mas agora a realidade é outra, jogo com os profissionais e isso implica uma série de fatores que eu próprio não posso controlar para além do meu trabalho. Não sei nada quanto ao meu futuro e sinceramente não penso muito nisso porque estou concentrado a 100% no Lille e em ajudar a equipa a subir na classificação tanto quanto possível.

Em que lugar pensas que os Citizens vão acabar a presente época? Segues os resultados regularmente?

Sim, sigo regularmente o City porque para além de ser o meu clube, tenho lá muitos amigos que fiz durante os anos que lá passei. Infelizmente a equipa não tem sido tão regular como seria de esperar e na Premier League não há espaço para recuperar de muitos erros. Parece-me difícil que o título escape ao Chelsea.

O que sentiste durante na tua estreia com o Manchester City e sobretudo o teu primeiro golo? O teu percurso é um pouco semelhante ao de Cristiano Ronaldo...

Tive a sorte de na primeira vez em que joguei pelo City ter logo marcado um golo. Foi uma sensação fantástica e que é impossível de descrever, porque significou muito para mim e sobretudo para a minha família, que sempre me apoiou. Quanto a comparações, mais uma vez acho difícil comparar, sobretudo com o melhor do mundo! (risos)

O que pensas da Ligue 1 ? Como decorre a tua adaptação à equipa? Podemos saber como foste acolhido no balneário pelos teus novos colegas?

É um campeonato excecional, com grande qualidade dos jogadores e com muita competitividade. No início confesso que não foi fácil porque tive de me adaptar ao ritmo elevado e ao contacto físico, para além de não ter tido período de férias por causa dos compromissos com a selecção de Portugal. Quando finalmente cheguei ao meu ritmo, tive a infelicidade de me lesionar, mas também consegui ultrapassar esse obstáculo com a ajuda de todos.

Agora sinto-me em casa no Lille. Gosto do clube e das pessoas, sinto-me bem com os meus colegas e sinto o apoio dos adeptos, ou seja, tudo é positivo e tenho de agradecer a todos a confiança que depositaram em mim.

Por jogarem no mesmo Campeonato, tens algumas probabilidades de defrontar outros jogadores portugueses como Raphael Guerreiro, Tiago Ilori, Bernardo Silva ou João Moutinho. Conheces particularmente melhor algum deles?

Conheço muito bem o Bernardo porque jogámos na mesma altura no Benfica e somos grandes amigos, já o Raphael e o Tiago conheci nas seleções de Portugal e também nos damos bem. Ainda não conheço bem o João Moutinho, mas sei que é um grande jogador e um verdadeiro motor no Mónaco e na seleção nacional.

Pensas que o Lille merece estar no ãctual lugar ou merecia estar em lugares acima? Sem as tuas lesões e vista a tua forma, pensas que contigo os dogues poderiam ter obtido melhores resultados?

Normalmente a classificação é um espelho fiel daquilo que se passa dentro do campo. Infelizmente tivemos um período menos bom em termos de resultados que coincidiu com o meu tempo de recuperação, mas não acho de maneira nenhuma que tenha tido alguma influência.

Foi apenas um período menos bom que tivemos dificuldade em ultrapassar e do qual ainda estamos a recuperar. Se tivéssemos tido um pouco mais de felicidade em 3 ou 4 jogos estaríamos neste momento a lutar pelo acesso à Liga dos Campeões.

O teu melhor jogo foi contra o Lyon contra um outro jogador português com o mesmo apelido, Anthony Lopes. Pensas que ele merece um lugar na seleção? Para ti, o Lyon pode ganhar a Ligue 1?

Pelo que conheço do Anthony, tem uma qualidade extraordinária e tem ajudado muito à boa campanha do Lyon. Pelo campeonato que estão a fazer, merecem claramente ficar no topo da liga, mas não vai ser fácil destronar o PSG.

Para ti, como é o nível do FC Porto, que eliminou o Lille nos Playoffs de acesso à Liga dos Campeões? Estás impressionado pelo percurso dos dragões até agora? Vê-los ir longe ?

O FC Porto tem estado impecável na Europa. Agora vai defrontar o Bayern e não são favoritos, mas já se sabe que no futebol não há vencedores antecipados...

Fizeste a tua formação no Benfica. O clube encarnado já foi muito criticado por deixar ‘fugir’ os seus jovens talentos e por não dar as devidas oportunidades na primeira equipa a esses jovens. Qual é a tua opinião sobre isso?

É natural que haja críticas quando a formação tem bons resultados, os jogadores que chegam aos seniores conseguem bons níveis mas o Benfica não tem aproveitado. Não sei o porquê, mas parece-me claro que faz parte da estratégia do clube. Eu tento não criticar, porque deixei muitos amigos no Benfica e foi um clube muito importante na minha formação e ao qual estou grato.

Sabemos que Rony é o teu apelido e que isso vem certamente de algum lado, mas de onde?

Quando era pequeno usava sempre a camisola do Ronaldo Fenómeno nos treinos, mas o treinador achava o nome muito comprido e começou a chamar-me Rony. Desde então... tornei-me no Rony para toda a gente e gosto assim!

Já jogaste na posição de médio lateral, a 10 e até a médio centro, mas qual é a tua verdadeira posição?

Eu posso jogar em qualquer posição e depende sempre do sistema que o treinador quer aplicar. Pessoalmente sinto-me muito confortável a jogar solto atrás de um avançado, como 10, mas também me sinto bem noutras posições desde que isso ajude a equipa.

O que sentiste ao ouvir a música da Liga dos Campeões quando estavas dentro do campo ?

Arrepiei-me, claro. E espero ouvir muitas vezes mais.

O que é, para ti, o melhor em Portugal?

Ui, essa é dificil... Mas acho que são as pessoas, que acolheram a minha família e nos deram a oportunidade de ser alguém. Por outro lado, também não posso esquecer o nosso clima e a comida, que não têm igual (risos).

O que gostas de fazer para além do futebol? Já tiveste a oportunidade de comer as batatas fritas que são muito apreciadas no Norte de França?

Gosto muito de batatas fritas e por isso sinto-me em casa aqui (risos). Infelizmente só como em dias de festa, porque tenho de manter a minha linha, como bom profissional. Fora do futebol, sou uma pessoa normal. Gosto de estar com a família e com os amigos, ouvir música e dançar lá em casa, ir ao cinema... Não sou de grandes extravagâncias e desde que esteja rodeado de gente de quem gosto, sou feliz.

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