quinta-feira, 2 de abril de 2015



Oportunidades, mas não para todos

Para a Selecção Nacional, a partida frente a Cabo Verde acabou por ter uma forte serventia e grande lição a retirar: quem se prepara para um encontro como para uma exibição frente a um adversário que o encara como um teste de preparação nunca consegue obter o melhor resultado.

Como tal, a derrota de Portugal frente a Cabo Verde nada teve de surpreendente. Foi aliás natural e sinal de que para se encontrar novas alternativas para a Selecção Nacional não basta convocar uma nova legião de jogadores para realizar um treino de véspera e um encontro particular - será necessário um trabalho mais longo, com sessões de treino consecutivas e maior critério na pré-selecção das novas unidades.

Entre os jogadores experimentados frente a uma das ex-colónias e actual país irmão, poucos mostraram condições para regressar. Alguns não foram sequer utilizados e necessitam de mostrar bem mais até um dia poderem almejar uma tão prestigiante convocatória.

Alguns dos futebolistas utilizados não mostraram sequer valor para representar Portugal

São esses os casos de Marafona e Rui Fonte, que antes de mais necessitam de se tornar figuras na Primeira Liga para depois sim merecer um espaço numa equipa que tem de ser elite, e Lucas João e Ivan Cavaleiro, a quem parece bem mais adequada a inclusão no espaço dos sub-21 como opções para alinhar no próximo Europeu da categoria.

Mais do que qualquer um destes três atacantes, Marco Matias, pela boa época que tem realizado no Nacional, merecia a convocatória mesmo que apenas para uma mera observação. Depois, há ainda o mais grave caso dos jogadores neste momento sem condições para representar a Selecção Nacional por diversos factores e que mereceram honras de titularidade.

Começando pelos jogadores de cariz defensivo, na baliza Anthony Lopes mostrou encontrar-se ainda alguns ‘furos’ abaixo de Rui Patrício e Beto, Cédric Soares continua bem mais limitado a defender do que Bosingwa da mesma forma que Antunes não demonstra a mesma competência de Fábio Coentrão, Eliseu e Raphael Guerreiro.

Falta aos estreantes Paulo Oliveira (faz muito mais falta aos sub-21, onde é peça determinante) e André Pinto (dificilmente possui valia para este patamar) experiência de alto nível para sequer figurarem na convocatória de Portugal. Entre tantas novidades, não teria sido justa a chamada de Josué Sá, um dos capitães do V. Guimarães, ou de Daniel Carriço, também um líder no Sevilla, para o eixo defensivo, e Diogo Figueiras em vez de Cédric?

No meio-campo, André Gomes e João Mário parecem fazer mais falta aos sub-21 do que aos AA e Adrien Silva e Danilo Pereira ainda se encontram longe da produção de Tiago, João Moutinho e William Carvalho e quanto ao ataque Hugo Almeida parece estar numa fase da carreira em que muito dificilmente voltará a ser útil à equipa nacional.

Assim, por entre os convocados para este particular há a destacar nos habituais suplentes a utliidade de Vieirinha, boa alternativa a Nani sempre que necessário e Éder continua a necessitar de ganhar confiança, mostrando-se desatrado a finalizar mas ainda assim bem mais forte a tabelar do que Hugo Almeida.

Destaque para Bernardo, que mostrou ser capaz de se intrometer nas opções das convocatórias ‘a contar’

Já nos ‘regressados’, ambos ligados ao Benfica, o outro Almeida, André, oferece uma entrega e polivalência sempre a ter em conta, e Pizzi deixou alguns bons momentos que carecem de confirmação para uma próxima convocatória, sendo que das estreias apenas duas delas se justificaram.

São esses os casos de Bernardo Silva, André André e Ukra, que podem ter ganho pontos para o futuro, com destaque para o primeiro se bem que para o centro do terreno, onde pode intrometer-se no estatuto de alternativa a utilizar no meio-campo ofensivo que tem sido entregue a João Mário, com quem parece estar pelo menos num plano de igualdade mas parece acrescentar ainda mais em termos de criatividade.

De resto, uma palavra para quem faltou uma oportunidade: para Ventura, para discutir a vaga de terceiro guarda-redes com Anthony, e para Tiago Pinto, para demonstrar, como parece, que não estará atrás de Antunes em termos qualitativos.

Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: Cortesia FPF

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