quinta-feira, 5 de março de 2015




Que Adrián para o regresso?

Entre os muitos reforços que chegaram esta época ao FC Porto, um deles ganhará o ‘prémio’ de jogador mais misterioso, o espanhol Adrián Lopez, por se dar a conhecer como um estranho caso de dupla personalidade quase ao nível de Fernando Pessoa, sendo que a sua escrita não se coloca no papel mas sim nos relvados.

Pensava o FC Porto ter feito o maior investimento da temporada num audaz atacante que poucas semanas antes havia marcado um golo determinante em casa do Chelsea para apurar o Atlético de Madrid para a final da Liga dos Campeões no Estádio da Luz na qual haveria de alinhar praticamente a tempo inteiro, beneficiando da lesão de Diego Costa que o retirou de campo ao fim de poucos minutos disputados.

Graças ao prolongamento que haveria de ditar a Décima do Real Madrid, Adrián jogou ainda mais do que 90 minutos na última final da Champions, transferindo-se em seguida para o Dragão num milionário acordo de 11 milhões de euros por 60% do passe, um negócio que tinha tudo para parecer excelente… só que não o foi por culpa do lado negro de Adrián, aquele que não foi capaz (ainda) de se adaptar à estrutura, estratégia da equipa e funções pedidas.

Para agravar a preocupação do internacional espanhol chegou ainda uma arreliadora lesão que o vem mantendo afastado e que por essa razão o retirou das escolhas para a Liga dos Campeões, o que pode até nem vir a ser necessariamente negativo visto que poderá centrar todas as atenções nas provas domésticas, Liga NOS e Taça da Liga.

Tal poderia em algumas ocasiões permitir algum descanso a Jackson Martinez, melhor marcador da equipa, da própria Liga e ‘tão-só’ o jogador mais utilizado do plantel em todas as competições. Ao mesmo tempo, uma boa ponta final de época poderá ser vital para Adrián em função do pouco que mostrou na primeira metade da temporada.

Caso continue sem nada mostrar, isso pode até levar os dragões a perder a paciência e acima de tudo o ‘amor ao dinheiro’ e dessa forma transferi-lo mesmo que por valores bem distantes dos 11 milhões pagos há menos de um ano, o que ainda assim parece improvável tendo em vista que deverá mesmo ser Jackson a sair face às tentadoras propostas que se avizinham.

Mesmo assim, com dinheiro em caixa, o que impediria o FC Porto de contratar um ponta-de-lança eficaz, podendo até dar-se ao luxo de perder dinheiro com Adrián? Esse mantém-se como um risco a ter em conta para o espanhol que poderá retirar proveito do panorama azul-e-branco que o colocará em luta com Vincent Aboubakar, que pese o potencial que possui ainda está longe de confirmar o que dele se espera, na luta pela vaga que será ao que tudo indica deixada por Jackson.

Por esta altura, o ataque do FC Porto para 2015/2016 parece uma complicada equação, pois a estas contas deve ainda juntar-se o jovem Gonçalo Paciência, abrindo diversas possibilidades, sabendo-se que entre Adrián, Aboubakar e Gonçalo não parece provável a permanência de todos, dependendo também se se confirma a saída de Jackson, assim como a contratação de mais um atacante.

Este poderá ser um jogador de indiscutível qualidade ou um jovem em ascensão para discutir a vaga de titular com os três atletas acima mencionados entre os quais aquele que em melhor posição estará será o camaronês Aboubakar, ao passo que Gonçalo poderá ter pela frente uma época de empréstimo numa boa equipa da nossa Liga para voltar mais forte e quem sabe em condições de assegurar a titularidade.

Já Adrián depende… exclusivamente de si próprio, das oportunidades que Jackson lhe der e a concorrência de Aboubakar lhe permitir e do que vier a mostrar quando recuperar da lesão que o tem apoquentado. Se regressar o ‘Adrián do Atlético’, esse terá lugar assegurado no grupo.

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