sexta-feira, 26 de maio de 2017



No mesmo dia, no I Estágio de Preparação para o Europeu de MiniFootball 2017, o jogador Pedro Oliveira classificou-o como um dos pais da modalidade - uma alusão feliz sobre João Antunes, conhecido como João Bailão no panorama desportivo, que para além de uma das faces mais visíveis do projecto de implementação do MiniFootball em Portugal é também o português há mais tempo em contacto com a modalidade, tendo estado presente num Campeonato da Europa de MiniFootball ainda antes de a própria Selecção Nacional nele participar.

Futebolista de origem, tendo vindo a conciliar a sua carreira com as várias responsabilidades que detém na Associação Portuguesa de MiniFootball, João Bailão (à esquerda na imagem) deixou mesmo o Futebol de Onze no mais alto nível de competição para se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento de um projecto que conhece de todos os ângulos.

Com efeito, neste momento identifica-se como Vice-Presidente da AF MinFootball para as áreas de Marketing e Selecções, um dos três jogadores que cumpriu todos os jogos oficiais de Portugal na modalidade, Director Técnico da equipa nacional e ainda um dos adjuntos da equipa técnica que lidera a mesma. Com o Europeu cada vez mais próximo, João Bailão explanou todo o contacto que a selecção portuguesa vem tendo entre si e o trabalho que também vem realizando:


Quais eram os objectivos a atingir nestes dois dias de trabalho?

O estágio foi marcado para que trabalhássemos com um lote de jogadores mais restrito, com os jogadores a terem oportunidade de trabalhar num ambiente que não diria luxuoso, mas quase, de grande rigor e muito mais adequado para um grupo de jogadores trabalhar num ambiente fechado, de grupo, para que se comecem a criar algumas dinâmicas colectivas e que a aprendizagem seja maior e mais fácil.

Queremos que o contacto entre eles jogadores e nós enquanto equipa técnica também consiga ter uma relação de maior proximidade e conseguirmos ser mais assertivos naquilo que queremos que seja início de uma preparação forte com as melhores condições possíveis no ponto de vista do projecto.

Com as comodidades de um estágio profissional, desfrutarem dele entre eles e com quatro treinos pela primeira vez para alguns deles e a conviverem com os melhores jogadores a nível nacional e mesmo aqueles que acabem por não ir ao Europeu irão acabar por desfrutar de uma excelente experiência não só a nível humano - sobre isso, por exemplo, durante o estágio haverá um tour patrocinado pela Câmara Municipal da Figueira da Foz - mas também porque todos viverão momentos que serão mais-valias para o grupo que será seleccionado para o Campeonato Europeu.


Tendo em conta os treinos já realizados, o nível que os jogadores já apresentaram, a juntar às observações e diversos torneios, até que ponto podem ser elevadas as expectativas para estes jogadores?

Preparando a resposta em duas componentes, do ponto de vista da observação essa fase vem sendo realizada há alguns anos e desde o ano passado até este e de há dois anos para o ano passado houve um crescimento sustentado em termos de qualidade não só a nível das competências humanas como desportivas e ao nível dos jogadores e por isso temos um grupo que em 90% se trataram de primeiras escolhas e com eles poderemos ambicionar patamares elevados.

O primeiro treino terá sido uma primeira experiência…

O primeiro treino deste estágio foi direccionado em objectivos muito definidos. Não creio que o primeiro treino tenha sido suficiente para fazer algum tipo de avaliação. Há sempre um entusiasmo muito grande, todos se querem mostrar e alguns deles fizeram também muitos quilómetros de carro e por isso o treino da manhã não é muito importante para aumentar ou baixar a fasquia.

No entanto, correndo o risco de me repetir, estando aqui 90% daqueles que são primeiras escolhas e a dirigirmo-nos para aqueles que serão chamados para o Europeu, eu diria que as expectativas são claramente ambiciosas.

Há um aspecto focado e que entra também na minha curiosidade: neste momento existe dentro da própria equipa técnica o perfil do tipo de jogador que procuram para o MiniFootbal, com determinadas características neste momento? Por vezes em convocatórias não se vêm aqueles que mais se destacam ao nível do resultado final, no plano estatístico, jogadores que finalizam muitos golos e que se calhar numa outra modalidade levaria a uma convocatória e depois não surgem nos convocados, portanto haverá uma explicação para que tal aconteça? 

Vou dar um exemplo claro: no ano passado, em 2016, no Inter-Regiões, o melhor jogador e o melhor guarda-redes dessa competição acabaram por não ser convocados para o Campeonato da Europa.

Como Director Técnico, tens também feito parte integrante da Selecção e até mesmo enquanto capitão de equipa. Está planeado participar no Campeonato da Europa na qualidade de jogador?

Já demos por concluído, já renunciei à minha presença no Europeu enquanto jogador. Vou estar exclusivamente focado na vertente organizativa, que é tão ou mais relevante do que o resto, acredito plenamente nisso e é por isso que para a equipa temos chamado cada vez mais jogadores das SuperLigas de Futebol de Cinco e de Sete.

Não obstante a qualidade que procurei dar enquanto ajudei nos últimos anos a minha utilização era feita por motivos orçamentais. A partir do momento em que estava tudo organizado e estávamos num Campeonato Europeu, não fazia sentido que eu estando presente de forma activa nos treinos, na preparação, depois não jogar.

Isto para além da experiência que trazia da prática da própria modalidade. Agora existem outros jogadores nessa situação e entendemos que chegou o momento de dar o passo em frente e deixar de jogar, por isso não estarei presente no Europeu enquanto jogador.

O actual seleccionador e o anterior fazem ambos parte da equipa técnica. Em termos colectivos, oficialmente é muito recente. Está a ser fácil em termos de conciliação de vontades a junção de personalidades?

Contesto a ideia de que a equipa técnica seja muito recente, não é de todo e eu e o Carlos já tomamos decisões em conjunto sobre observações ou treinos desde há dois, três anos. Eu e o Carlos fazemos parte da equipa técnica desde o início do projecto, desde há três anos. O David no ano passado era jogador percebeu como funciona a dinâmica deste projecto, já está connosco a preparar o ciclo deste ano desde o ano civil anterior, por isso a equipa técnica não é propriamente recente.
Por isso, contesto essa ideia, podemos responder como está a correr mas esta não é uma equipa técnica recente.

Ou seja, a equipa técnica não é tão recente quanto possa parecer…

O Carlos faz parte da equipa técnica desde o primeiro seleccionador que houve (não foi ele o primeiro seleccionador)Quanto à forma como está a correr, prefiro que sejam ambos a responder. Joguei em todos os jogos oficiais, tal como o José Carlos e o Fábio Teixeira. Ainda no primeiro ano estive em 2014 a ver o Europeu no Montenegro e a preparar a criação da nossa selecção portuguesa.

Acabamos por tentar aqui antecipar e retirar o grau de incerteza com sessões teóricas, uma táctica e outra mais técnica do ponto de vista organizativo sobre o que irão encontrar lá sobre a modalidade para a que façam a própria adaptação à prova em que vão participar, saibam em que hotel vão ficar, como foi feito aquele estádio, ouvirem os hinos… vamos retirar todo o grau de incerteza para que possamos perceber quem é será capaz de para além de jogar futebol, no plano desportivo, quem será mais capaz de responder melhor. A transmissão televisiva, o estádio cheio…

Até mesmo porque os adversários no Europeu serão fortes, como a Roménia, o Cazaquistão e até a própria Grécia, esta é também uma curiosidade minha pelo facto de a modalidade ser também recente: já é possível à própria equipa técnica assistir aos jogos das outras equipas e conseguir preparar a equipa para aquilo que a espera, compilando informação? Se calhar existe a desvantagem e dificuldade de os jogos realizados no Europeu passado já terem um ano de distância…

Posso dizer o seguinte: esta é uma modalidade crua, e sendo crua temos muito por onde inovar e o exemplo está num movimento que utilizámos num atleta que lá está, estaria nesses 10% de jogadores escolhidos e que tem um remate fantástico e o campo é pequenino, com as dimensões para que pudesse ser feito algo que não havia sido tentado até então e o certo é que nos dois primeiros jogos só não deu golo por três ou quatro centímetros. No primeiro ano, fomos apenas nós a fazê-lo; no ano seguinte outros tentaram o mesmo.

Isto foi possível por esse jogador ter um remate que é um míssil, incrível, e se no primeiro o guarda-redes defendeu para canto o segundo ficou na malha superior da baliza, bate na parte de trás da barra e fica na malha superior da baliza. O que é que acontece? Nesse mesmo ano, tivemos mais equipas, depois de nos verem…

É possível estender o scouting e assim poder ter conhecimento sobre os últimos jogos que as equipa adversárias realizaram para melhor preparar a prova?

Essa é uma das mais-valias que sabemos que existe na nossa equipa que é a capacidade de análise, e teremos vídeos do que fizeram as outras equipas.

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