terça-feira, 14 de janeiro de 2014




ÁGUIA VIROU A PÁGINA, SOB TODOS OS SENTIDOS.

Vitória sobre o FC Porto poderá ser entendida como um virar de página para o Benfica.

Como é sabido e foi de forma unanimemente lamentada, Eusébio já não se encontra entre nós. Faltava ao Benfica homenagear o Rei também em campo depois de o ter feito com saudade e sentimento com uma belíssima coreografia durante a qual o ‘speaker’ do Estádio da Luz, provavelmente de forma inadvertida, declarou a frase que marcou a recepção ao FC Porto e quem sabe o futuro do clube: ‘Benfiquistas, vamos virar a página’.

Mais do que o simples gesto de virar o lado negro da cartolina para dar lugar ao vermelho e branco, virar a página passou a ser o mote sob diversos aspectos numa partida que começava por ser destaque pela hora a que foi disputado, pelas quatro da tarde.

Importava ‘virar a página’ a Eusébio. Com efeito, houve lugar a um sentido minuto de silêncio respeitado por todos os benfiquistas, agentes do jogo, jornalistas… e quase todos os portistas. Apesar dos esforços dos mais influentes elementos das claques do clube da Invicta, mesmo assim se ouviram (poucas) vozes  e assobios. 

Rodrigo marcou e mostrou que as suas qualidades podem valer uma táctica.

Para conforto do FC Porto: os energúmenos não têm clube. Ainda assim, a página parece também ter virado na baliza do Benfica, ou não tivesse o anúncio de Jan Oblak como titular proporcionado uma das ovações da chuvosa tarde na Luz. Se não diz tudo, pelo menos muito diz… 

Minutos depois, o jogo e uma melhor entrada em campo por parte da equipa da casa, que, sem surpresa, chega ao primeiro golo com mérito por intermédio de um jogador que se mostrou importantíssimo, Rodrigo Moreno, não só pelo golo que marcou mas também pela forma como assentou na estratégia ofensiva encarnada, tornando assim ainda mais desaconselhável a sua saída numa altura em que se fala com insistência no Zenit.

Com Rodrigo como titular, o Benfica pode também virar a página no aspecto táctico, uma vez que na sua acção de ‘9,5’ faz com que o tão criticado 4x4x2 de Jorge Jesus possa resultar ao invés de assemelhar a uma ideia moribunda, até porque frente ao dragão parece ter funcionado em pleno com a ajuda de unidades como Lazar Markovic, incansável a atacar mas também surpreendentemente firme a defender, e um Enzo Perez cada vez mais fundamental para a equipa.

Três anos depois as águias conseguiam bater o grande rival sem necessidade de sofrer.

Em sentido inverso, os minutos passavam sem que o FC Porto perdesse a intranquilidade, um aspecto visível em todos os jogadores azuis-e-brancos com excepção para Fernando, que apesar da exibição de altíssimo nível não foi capaz de evitar a superior gestão feita pelo Benfica desde a primeira até à segunda metade.

Mais: o banco de suplentes do FC Porto não oferecia outra solução para além de um Ricardo Quaresma sem ritmo competitivo. E assim se assistiu a outro ‘virar de página’, desta feita em termos de resultados entre dragões e águias, que voltavam a vencer o grande rival mais de três anos depois sem necessitar sequer de sofrer face à expulsão de Danilo e a inclusão de Rúben Amorim em campo para ‘fechar’ em definitivo o meio-campo.

Por seu turno, o FC Porto nunca abandonou o conservadorismo. Tanto nas escolhas para a sua equipa titular, que eram previsíveis, como pela forma como abordou o próprio jogo, o que ajudou a que, onde quer que esteja, Eusébio tenha sorrido, na companhia de mais 60 mil benfiquistas que assistiam deleitados ao encontro nas bancadas da Luz.

Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: D.R.
rafaelreis.rbr@gmail.com 

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