sábado, 14 de setembro de 2013






CARREIRA DE MEDEIROS PARA O FUTEBOL PROFISSIONAL 


Sandro Medeiros vai seguindo uma carreira recheada na área da formação de jogadores, mas espera mais



Entendido na tarefa de observar e analisar os melhores talentos, o técnico português Sandro Medeiros foi dando continuidade à sua carreira fora do País, expressando que quando se tem ambição nunca corre como desejamos pois é sempre nosso desejo alcançar algo mais.”



O técnico avança queeste projecto internacional na Índia ao serviço da Football By Carlos Queiroz neste momento em parceria com a Imperial International Sports Academy tem corrido bem felizmente, era direccionado essencialmente para a formação técnica dos treinadores pela criação de um modelo de desenvolvimento a ser aplicado por esses mesmos treinadores.”

O trabalho realizado na Índia passava ainda “pela criação de um programa escolar mais eficiente no treino de futebol para tentar cativar cada vez mais praticantes,” explicou. O treinador esclarece que “felizmente tudo tem corrido bem, estamos na recta final e todos os objectivos propostos foram conseguidos, como tal está próximo o regresso a Portugal. Gostaria que esse regresso coincidisse com o meu regresso ao futebol enquanto treinador.”


“Estive um ano fora do país a fazer um trabalho diferente, apenas preocupado com a metodologia e organização e claro, são imensas as saudades. Vamos aguardar e esperar que possa aparecer a oportunidade certa com as pessoas certas” depois do trabalho realizado na Índia.


Assim, “não coloco de parte, antes pelo contrário, a hipótese de ingressar no futebol sénior como adjunto de um treinador sério e competente e com o qual fosse possível aprender e evoluir.”

Sandro Medeiros trabalhou num fuso horário bem diferente e muitas vezes treinou enquanto em Portugal…  se dormia, embora tenha tido tempo para algum lazer e conhecer uma cultura também bem diferente.


Em que clube está agora a trabalhar?

Este ano não estou a treinar, não surgiu nada que me agradasse, e sinceramente quero-me ‘desvincular’ do futebol de formação porque senão começam a surgir rótulos de formação e a entrada no futebol sénior não surge. Estou só a colaborar com um clube do Campeonato nacional de Seniores em observações directas.

Para que clube está agora a colaborar em regime de observações?


Neste momento para o Clube Operário Desportivo dos Açores do Campeonato Nacional de Séniores. Já tinha colaborado com o clube na época 2007/2008 através de um convite do Mister Francisco Agatão e do Presidente Gilberto Branquinho e é um prazer voltar a uma casa pela qual tenho um carinho enorme. Principalmente porque também vou tentar ajudar um Treinador jovem como o André Branquinho que sempre me apoiou e pelo qual tenho uma amizade muito grande.


Como decorreu a época passada para si? Trabalhou em algum clube?

A época passada para mim começou apenas no final de Janeiro, foi quando tive o convite da Juventude da Castanheira para treinar a equipa de Sub13. Foi um convite que aceitei com muito orgulho e onde tentei ajudar da melhor forma que sei tanto o clube como aquele grupo fantástico de jogadores.
Começou a tornar-se conhecido no futebol de formação ao ter treinado os Infantis do Vialonga durante duas épocas e meia. Como caracteriza essa experiência?
Bem o conhecido é sempre subjectivo, na altura e falamos de 1995, não era usual os treinadores começarem tão cedo, estamos a falar de uma altura onde a formação através da via de ensino pelas faculdades não era tão presente como nos dias de hoje. E como tal éramos todos mais conhecidos uns dos outros por não haver muitos treinadores novos, principalmente já a pensarem o jogo e o treino de forma diferente.
Foi a minha primeira experiência, recordo de sentir muitas dificuldades, mas também fui muito ajudado por todos os colegas e jogadores que tive. Nessas épocas subimos de divisão uma vez, vencemos sempre o Sporting CP em nossa casa, lançamos algumas bases importantes em termos da formação de jogadores mas fundamentalmente foi importante para o meu início de carreira pela aprendizagem e pela experiência.
Em seguida passou para os Iniciados do mesmo clube. Tinha outros convites na altura ou optou pela continuidade?
Nessa altura foi uma passagem de escalão normal, eu ia acompanhar aquela geração, ia dar continuidade a um trabalho que vinha a ser desenvolvido e claro estamos a falar de trabalhar na 1ª divisão, (ainda não existia a divisão de honra) e era sempre aliciante estar com um clube mais pequeno um degrau abaixo dos Campeonatos Nacionais.
Sinceramente na altura nunca equacionei sair do GD Vialonga sentia-me muito envolvido no clube por motivos familiares, o meu pai tinha lá jogado praticamente toda a carreira, adorava a minha Direcção, a envolvência do clube, eu cresci ali e sentia muito orgulho em dar continuidade aquele trabalho.
Pouco depois seguiu para o Vilafranquense, onde treinou Iniciados, Juvenis e Juniores. Foi a melhor opção que teve no momento?
A saída para a UD Vilafranquense foi toda ela graças a uma pessoa, o Mister Rui Muller, estávamos em 1998 tínhamos tirado o 2º nível juntos e ele ia assumir os Séniores da UD Vilafranquense na 2a Divisão B e quis-me perto dele. Falou com a Direcção e tudo ficou consomado. Curiosamente 15 dias depois fui convidado para os Sub14 do CF Estrela da Amadora mas já tinha dado a minha palavra e isso vale muito.
A opção de ficar na UD Vilafranquense era sem dúvida a melhor para mim, estava num clube com boas condições, com uma geração de jogadores fantástica que me dava muito prazer acompanhar. Depois existe a questão emocional de ter sido muito bem recebido numa terra com arte e muita paixão, onde fui de imediato contagiado pelos costumes e tradições e da qual muito me orgulho.
Depois dessa experiência teve pelo meio uma época como treinador dos Iniciados do At. Povoense.  Esse ano foi um passo em frente para si? Teve convites para treinar escalões superiores?
Quando saí da UD Vilafranquense em 2002 fui para a Escola de Futebol Simão Sabrosa, era um projecto que iria recomeçar de novo, o Prof. Miguel Nunes ia assumir a gestão do projecto fez-me o convite e eu aceitei. Em termos de carreira como treinador reconheço que não foi um passo em frente, mas naquilo que considero a evolução de um treinador e o domínio de todas as áreas foi bastante importante, por isso aceitei com muito gosto e tenho muito orgulho no trabalho que lá desenvolvemos.
O convite do UA Povoense surgiu pelo coordenador Victor Mesquita que era meu colega na EF Simão Sabrosa e resolvi aceitar. Eu queria voltar a treinar e pareceu-me ser um bom projecto, de facto confirmou-se foi um ano bastante bom, com um grupo de jogadores fantásticos, uma Direcção que me apoiou em tudo e sinceramente gostei bastante de ter passado pelo UA Povoense.
Depois do Povoense surgiu-lhe o Benfica, para trabalhar como prospector. Como lhe surgiu essa possibilidade?
Eu estava no UA Povoense a época corria acima das expectativas e tive o convite do Bruno Maruta para entrar na estrutura, pensei bastante bem porque iria ser novamente uma pausa na minha carreira de treinador, mas não se pode recusar um convite destes.
É um clube muito grande, era um projecto recente e era toda uma experiência que não tinha preço.Entrei como Prospector passado um ano passei a Responsável de Distrito onde estive dois anos e no último voltei a ser Prospector. Foi uma experiência enriquecedora.
Quatro épocas depois deixou o Benfica para orientar os Juvenis do Oeiras. Saiu pelo facto de poder voltar ao banco de suplentes?
Não foi a principal razão de todo.Com a saída do Bruno Maruta para o Sporting CP existiram muitas mudanças e eu fui uma delas. Foi uma decisão de quem geria na altura. Mas foi importante sair para um Clube referência como é a AD Oeiras.
Estamos a falar de 2002 a 2009 com apenas uma época no meio como Treinador do UA Povoense, são 7 anos de inactividade como Treinador, e ter a possibilidade de ir para um clube como a AD Oeiras foi claramente uma oportunidade excelente.
Tive o prazer de trabalhar como Mister João Plantier, Baciro Candé e Hugo Terroso nos Sub15, com o Mister Tito e Bernardo Bruschy nos Sub13 e Sub12 e passado um mês surge o convite para assumir os Sub17 e Sub16 no Campeonato Nacional e Distrital respectivamente.


Na época seguinte trabalhou como adjunto da equipa sénior. Considera que foi a entrada mais indicada no futebol sénior?

Pelo meio ainda estive um ano na Football by Carlos Queiroz ligado ao projecto da Manchester United Soccer Schools em Portugal. Eu acredito que sim, tendo passado por praticamente todas as funções ligadas ao Futebol, quer no treino quer fora dele, estava na altura e no momento certo para entrar no Futebol Sénior.
A entrada como Treinador adjunto permite-nos acima de tudo aprender muito sem sermos tão expostos como seríamos como Treinadores Principais, e hoje após essa passagem como adjunto posso dizer que estou muito mais preparado do que antes dela.
No ano seguinte viajou para a Índia integrado na Football by Carlos Queiroz. Foi uma experiência recompensadora?
Preferia ter continuado a trabalhar ligado ao Futebol Sénior mas não tinha tido convites para trabalhar, e no contexto da altura era uma experiência que poderia abrir portas no futuro e voltar a ter um projecto profissional. Portanto a opção foi fácil de tomar.
Fomos num contexto diferente como consultores de uma empresa que tem várias academias, e tínhamos como função padronizá-las pela imagem Football by Carlos Queiroz. Em termos de experiência foi fantástico, aprendi bastante e contribuiu bastante para a minha formação enquanto Treinador e como pessoa.


Depois de ter trabalhado na Índia, essa experiência trouxe-lhe convites de trabalho?

Curiosamente foi o contrário, a generalidade das pessoas não sabia sequer que eu já tinha regressado, as que me viam achavam que eu iria voltar para a India e certamente nunca mais sairia de lá e curiosamente não houve contactos para voltar a trabalhar.
Claro que aproveitei esse tempo para estagiar com alguns Treinadores entre eles o Marco Silva do GD Estoril Praia e para ver bastantes jogos e "reconstruir" a minha base de dados. Foi um curto tempo de inactividade mas que aproveitei da melhor forma para continuar a minha formação enquanto Treinador.


Acabou por para o Juventude Castanheira treinar os Infantis. Considera ter sido a melhor escolha?

Naquela altura da época sim foi a melhor opção e foram os únicos a terem a iniciativa de me convidarem a trabalhar. Ia voltar a treinar, fundamentalmente isso. Depois é um clube que já tinha manifestado interesse em mim por diversas ocasiões e isso era uma dívida que tinha para com aquelas pessoas.


Uma Direcção fantástica que me apoiou sempre e que me deu todas as condições para desenvolver um trabalho que considero um dos que mais prazer me deu. Apesar de só ter entrado a meio da época, guardo-a com um carinho e orgulho muito grandes.



Tem recebido convites nos últimos tempos?

Sim, este ano tive vários convites. Felizmente o facto de ter voltado a treinar voltou a abrir certas portas.

Aceitei um deles e iria voltar a um clube que me diz muito mas a falta de seriedade de certas pessoas não o tornaram possível quando tudo estava confirmado.  É outra experiência que nos torna mais ricos.



O seu percurso parece apontá-lo à fixação no futebol sénior. Acha-se preparado para esse passo?

Sinceramente e tendo em conta todo o meu percurso e experiência sinto-me preparado. Mas tem sido muito complicado entrar no mercado, existe um círculo muito fechado de Treinadores que torna quase impossível a entrada de um elemento “estranho”.


Mas aguardo serenamente pela oportunidade que considero certa. É importante também não me precipitar e da mesma forma como sempre ponderei todos os passos da minha carreira também a escolha de um início no futebol sénior tem de ser ponderada. Não basta entrar apenas por entrar. Aguardo fundamentalmente um projecto onde eu possa ajudar a crescer e possa crescer.



Texto: Rafael Batista Reis.

Imagem: D.R.


Sem comentários:

Enviar um comentário