domingo, 16 de novembro de 2014




Oito respostas para uma boa formação - parte 2

Um dos temas mais em voga no futebol português pela sua importância tem mesmo sido a formação pela importância que esta acarreta, representando o futuro da modalidade e também a solução para os problemas criados num passado recente.

Como tal, o NOVA ACADEMIA DE TALENTOS deixa as oito principais questões, seguidas por respostas a cada uma delas, do que deverá ser necessário para que o desenvolvimento de jogadores se mantenha saudável em Portugal. Nesta segunda parte, estas são dadas por quem sabe, neste caso pelo treinador da equipa de Juvenis A da AD Oeiras, Sandro Medeiros.

1- Se trabalhamos com escalões jovens, devemos incidir com maior regularidade no aspecto técnico ou físico?

Na minha opinião é o equilíbrio de todos os factores, táctico, técnico, físico e psicológico que deve ser trabalhado. Depois no percurso do futebol jovem e nas fases sensíveis do atleta deve-se dar mais incidência a cada um dos factores.

Evidente que o técnico e o táctico devem ser valorizados, por razões óbvias, e a aproximação da aprendizagem de acordo com o jogo traz vantagens claras para o entendimento do mesmo por parte do atleta.

2- Que estratégia devemos empregar numa equipa jovem quando estamos a defender um resultado, em formação?

Os resultados são sempre importantes, quer digamos que não e defendamos o futebol formação na sua mais pura componente. Infelizmente é impossível dissociar a factor resultado. E muitas vezes essa pressão do resultado não é imposta pelo treinador mas sim pelo que o rodeia. Agora é importante que ao fazê-lo seja possível reduzir ao máximo a sua influência.

Acredito que durante a semana é possível trabalhar sem estarmos a pensar no resultado e sem queimar etapas nos jovens atletas. Depois consoante os objectivos do clube/equipa é tentar minimizar o seu efeito e tentar de uma forma justa formar todos os atletas.

3- É aconselhável mudar os jogadores de posição no decorrer dos jogos?

Penso que pelo menos até sub16 eles deveriam mudar várias vezes, quer nos treinos quer nos jogos.
Não podemos especializar atletas até esta idade e prever o seu futuro, que poderá passar apenas por uma posição. Na minha opinião os diversos estímulos de jogar em posições diferentes fazem com que o jogador evolua muito mais e tenha um maior entendimento sobre o jogo.

4- Como trabalhar com jogadores indisciplinados?

Tudo depende do enquadramento e de todos os factores situacionais. As regras internas são importantes mas também é necessário respeitar o atleta. Nem todos temos o mesmo temperamento e temos de ser muitas vezes compreensivos com o mesmo respeitando todos os atletas.

A imposição de regras, a sua explicação e aplicação de forma justa devem ser entendidas pelo grupo como algo imutável e que tem de ser cumprido, depois é aplicar as devidas sanções a quem infringe as mesmas. Para mim não existem diferenças entre os atletas, existem regras que todos cumprimos, atletas, delegados, treinadores. Por isso não podem haver excepções.

5- É aconselhável jogar com centrais muito pesados ou duros em idade de formação?

Com disse anteriormente não têm de ser centrais, possivelmente com a mudança da idade vão crescer, vão ficar com o peso mais distribuido e depois só sabem jogar como centrais. Acho que se deve especializar mais tarde.

Em relação ás características dos atletas tudo depende de onde estamos. Se pudermos escolher claro que todos escolhemos altos e rápidos mas nem sempre é assim. Se não for possível e eles tiverem características de atleta pesados ou mais lentos a equipa tem de ter uma estratégia colectiva de forma a proteger as suas características.

6- Qual o treino a imprimir para se desenvolver um futebol rápido numa equipa?

Principalmente depende das características dos atletas e do modelo de jogo a aplicar. Depois é potenciar essa característica no modelo de treino a aplicar. Treinos com mais intensidade geram sempre equipas que jogam mais rápido. Porque os estímulos dados assim o proporcionam.

7- Qual pensa ser a melhor escola do Mundo de formação de técnicos, sabendo-se que em África existe um grande atraso nesse aspecto?

Penso que é complicado dizer qual a melhor. Acredito que nós Portugueses temos a versatibilidade e a capacidade de nos adaptarmos a praticamente todos os meios e condições.  E a nossa capacidade de trabalho e fiabilidade tornam-nos a nós técnicos portugueses num produto de óptima qualidade.

8- O sonho é possível, ou seja, um jovem ser o técnico principal de uma equipa, ou a experiência neste processo é fundamental?

Tudo depende de quem gere as equipas. Há 10 anos era praticamente impossível. Hoje felizmente as coisas estão a mudar e já conseguimos identificar várias equipas com técnicos jovens á frente das equipas. Fundamentalmente esta questão irá sempre partir de quem gere os clubes e de conseguirem separar o factor idade da competência/experiência.

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