sexta-feira, 10 de maio de 2013





AMBIÇÃO E TALENTO CHAMARAM-SE FIGO        

Luís Figo será um dos três jogadores que mais contribuíram para o desenvolvimento do futebol português


Se a sua personalidade pode para muitos dividir opiniões, a nível de talento parece evidente que Luís Figo será respeitado pelo excelente futebol que produziu e os resultados que garantiu a Portugal, principalmente por ter surgido numa fase em que o nosso futebol pouco ou nada era respeitado em termos internacionais.

Não parecem persistir dúvidas de que os anos 90 e o início do novo milénio terão como protagonista a nível nacional o valioso Figo, que marcará para sempre a diferença pela classe, o que no meu entender o posiciona como terceiro melhor jogador português de sempre, apenas atrás de Cristiano Ronaldo e Eusébio e na dianteira em relação a jogadores como Paulo Futre.

Ainda assim, e apesar do enorme talento e a sua imagem de jogador de classe tanto pelo futebol de qualidade que praticava como pela forma cavalheiresca com que se expressa em campo, para muitos, especialmente em Espanha, Figo será visto como um ‘pesetero’, nomeadamente por ter sido um dos poucos jogadores capazes de trocar um dos rivais do futebol do ‘país vizinho’ precisamente pelo outro, deixando o Barcelona para passar a jogar pelo Real Madrid.

Importância que Figo detinha na Selecção Nacional poderia ser importante no momento actual

Inclusivamente nesse aspecto Figo foi capaz de marcar a diferença, ainda que a imagem de jogador que dá preferência ao dinheiro ao invés de outros interesses se mantenha mesmo em Portugal, onde alguns adeptos condenam o facto de ainda hoje não ter surgido em auxílio do clube que se responsabilizou pela sua formação, o Sporting, que terá esperado o seu retorno enquanto futebolista ou dirigente… mas sem sucesso.

Chegou mesmo a ser aventada a sua candidatura à presidência do Sporting, que para além de nunca ter chegado a passar para o papel acabou por estar envolvida em alguma polémica, uma palavra que não existe quando é necessário proferir o nome do jogador que maior qualidade emprestou a uma geração classificada como ‘de ouro’ mas que no imediato acabou por ser bem substituída, o que não parece estar a suceder no momento.

Ainda assim, parece evidente que Figo consiste no extremo puro que mais sucesso obteve ao serviço da Selecção Nacional, tendo em largos jogos capitaneado essa equipa e merecido esse crédito pela forma como defendeu o seu símbolo, sem lugar a declarações pouco abonatórias sobre o seu carácter.

Qualquer que tenha sido o carácter deixado em Espanha, em Itália isso claramente não sucedeu, visto que o português conquistou sem dificuldades tanto o público, como a crítica, como essencialmente os dirigentes do Inter de Milão, que lhe ofereceram o final de carreira que mais desejou e seguidamente um lugar na estrutura do clube.

Antes de Figo, Portugal não participava em Fases Finais de Mundiais e Europeus; hoje é habitué

Hoje em dia boa parte das relações públicas e externas dos ‘nerazzurri’ passam por Figo, que surge acima de tudo em momentos solenes como as entregas de prémios ou os sorteios de provas como a Liga dos Campeões, o que comprova a extraordinária imagem que deixou no clube milanês e mesmo dentro do futebol transalpino.

Se Itália estará grata pela passagem do português, que dizer do seu próprio país, que no momento da sua entrada obtinha resultados desportivos muito pouco abonatórios, há muito não conseguia sequer estar presente nas Fases Finais de Europeus e Mundiais e no momento da sua saída surge com várias destas competições no seu currículo, sempre como um dos mais fortes candidatos ao título?

Conclusão: poderá ser real a muito boa ‘relação’ entre a estrela nacional e o dinheiro. Ainda assim, ninguém deverá negar que boa parte da fama de Portugal na modalidade a nível internacional se deve a si se deve ao seu bom trabalho e acima de tudo à Bola de Ouro que conquistou. Antes de Figo esse prémio parecia uma miragem, sendo que agora parece uma meta há muito justificável pelo compatriota Ronaldo…

Texto: Rafael Batista Reis.
Imagem: D.R.
Nova Academia de Talentos
rafaelreis.rbr@gmail.com

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