quarta-feira, 22 de maio de 2013







SENTIDO BYE A BECKS

David Beckham abandona o futebol com glamour mas talvez sem o reconhecimento que merece

Não persistem dúvidas de que 2013 será mesmo o ‘ano das retiradas’ no futebol, aliando-se às despedidas de Sir Alex Ferguson e Paul Scholes o adeus de mais uma das maiores figuras da História do Manchester United e do próprio futebol inglês, o mundialmente famoso David Beckham.

Certamente qualquer pessoa, desde o mais aceso adepto de futebol até ao mais afastado dos comuns sem qualquer ligação ao futebol e mesmo ao desporto em si, conhecerá Beckham pelo ‘showbiz’ e o glamour que o seu nome envolve, e principalmente muito dinheiro, não só pelos mais directos motivos de interesse futebolístico como ainda vários tipos de eventos e mesmo movimentos publicitários.

 

No entanto, Becks poderá terminar a sua longa e bem-sucedida carreira com esse mesmo aspecto como ‘amargo de boca’, ou seja, tornar-se mais conhecido pela sua fama de ‘superstar’ do que pelo seu futebol, o que me parece ser uma injustiça. Sim, o craque inglês esteve sempre longe de conquistar uma Bola de Ouro, mas desde o início até ao final da sua carreira não deixou, nem mesmo por um momento, de se tratar de um futebolista cujo nível se coloca entre os melhores do planeta.

Inglês destaca-se em relação aos restantes jogadores pela colocação de bola

Dificilmente se encontrará nos próximos anos um jogador com características similares a David Beckham, que prova que um médio ala não tem necessariamente de ser um extremo. Sem confusões: embora o britânico evoluísse pela ala direita, nunca apresentou características de um homem rápido de aproximação à linha, nem mesmo com um evidente recurso à finta, mas sim vários atributos de um grande centrocampista ou médio interior.

Como tornar um homem talhado para o meio um dos melhores médios direitos que o futebol já conheceu? Sendo David Beckham – sem possuir uma imprevisibilidade de monta, o inglês ‘vingava’ essa pecha no seu futebol com o facto de possuir um pé direito ‘com olhos’ e uma visão própria, tamanha é a eficácia da sua colocação e circulação de bola, aspectos que sempre fizeram com que diferisse dos demais.

Por esse motivo, David Beckham deixará a modalidade com a fama de ter sido um dos melhores batedores de livres directos de que há memória, multiplicando-se as imagens de disparos mais ou menos distantes das redes adversárias.., com o mesmo resultado, o golo.

Como qualquer jogador, Beckham teve os seus pontos mais baixos, que se encontram em meu entender ambos em Fases Finais de competições internacionais ao nível de selecções, sendo que o primeiro até sucedeu num Mundial no qual o seu talento se tornou mais conhecido pelo Mundo, o Mundial 98, no qual fica ligado a dois momentos díspares, um enorme contributo por Inglaterra até aos oitavos-de-final da prova mas ‘soube a pouco’ na hora da eliminação aos pés da Argentina.

Apesar dos muitos títulos, Beckham termina a carreira sem cumprir alguns objectivos

Depois da desilusão argentina, Beckham terá tocado o fundo seis anos depois em 2004, ano em que chegou ao Estádio da Luz para nos quartos-de-final desse mesmo Europeu ter atirado… para o Céu uma das grandes penalidades inglesas frente a Portugal, que acabaria por chegar à final do Europeu.

 
Beckham, por seu turno, perdia mais uma oportunidade de conseguir uma conquista internacional pela sua selecção, o que nunca haveria de conseguir. Ainda assim, sairá como um dos jogadores que mais vezes representou os Três Leões.

Para além do respeito que conseguiu no seu país, o Spice Boy reservará para si o mérito de dar por terminada a sua carreira aos 38 anos, idade na qual muitos estariam em declínio, não só desportivo como também mediático. Não é esse o seu caso, e assim sai de cena como o futebolista que mais ganhos gerou na História da modalidade e como um dos mais bem pagos da modalidade. Certamente tudo não foi apenas obra da sua imagem.


Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: D.R.
Nova Academia de Talentos

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