quinta-feira, 23 de maio de 2013





JARDIM… MAS AINDA POUCO FLORIDO

Difícil prever um ‘mar de rosas’ no Sporting com Leonardo Jardim ao leme

Com a harmonia que parece existir entre a massa adepta sportinguista e o anúncio da contratação de Leonardo Jardim, parece estar subentendida a ideia de que o Sporting apenas poderá pensar em realizar uma excelente época ao seu comando.

No que a mim diz respeito, considero precoce para fazer tal avaliação, por várias razões, sendo que a primeira se prende pelo facto de considerar mais adequado para os leões um ‘treinador de projecto’, com mais anos de experiência em competições exigentes do que o madeirense, pese o facto de se tratar de um treinador de qualidade.

A juventude de Jardim poderá vir a penalizá-lo, assim como as falsas expectativas dos já conhecidos ‘comentadores de ocasião’ que o consideram, erradamente e sem justificação possível, o terceiro melhor técnico português. Em termos de pujança e fama internacional, percebo que José Mourinho e Jorge Jesus estejam à sua frente… mas de cabeça parece-me possível lembrar-me de mais quatro ou cinco com mais provas dadas do que propriamente o novo treinador dos leões.

Próximo ponto: é no mínimo uma ideia falaciosa considerar que Leonardo Jardim foi o melhor treinador do Sporting de Braga nos últimos anos. Tendo em conta as dificuldades que Jesualdo Ferreira encontrou quando os arsenalistas com os quais se deparou e as carreiras que Jesus e Domingos Paciência realizaram no Minho, proferir uma afirmação deste tipo será passar uma borracha sobre os melhores tempos deste clube….  

Deverá ser encarada com algumas reservas esta contratação ainda pelo que me parece ser um facto a falta de correspondência em relação ao perfil do Sporting e o que este treinador precisa neste momento, parecendo a solução mais aconselhável a mudança para um clube de índole ganhadora, pelo que seria um técnico mais habilitado para um FC Porto do que para um actual Sporting, que por ora precisa de um treinador experiente e com provas dadas no lançamento de jovens.

Estilo do madeirense parece bem mais direcionado para estruturas como a do FC Porto

Sem muito dinheiro para gastar em novos jogadores, os leões terão de apostar na sua formação, uma vertente que até ao momento o insular nunca conseguiu explorar. Mais um dos necessários atributos que Leonardo Jardim não tem...


Com a confirmação de Leonardo no Sporting, começou o que se espera que venha a ser uma ‘dança de treinadores’, uma vez que cai por terra qualquer teoria de regresso a Braga, de onde sairá José Peseiro, ou de que partirá para o Dragão, de onde Vitor Pereira poderá vir a sair. Ainda assim, muita coisa pode acontecer, nomeadamente por poder ter aberto as portas para a ascensão de Paulo Fonseca, que poderá partir para Braga ou para o Porto.

Para muitos, o Sporting terá conseguido uma excelente jogada, uma vez que impossibilitou que Leonardo Jardim pudesse partir para o FC Porto, um clube no qual parece notória a similaridade de estilos entre a sua forma de trabalhar e a do seu presidente, Pinto da Costa, pelo que se reuniam condições para que juntos pudessem vir a ganhar muitos títulos, o que no Sporting será também possível de suceder, mas mais improvável.

Em Alvalade os adeptos deparam-se com uma estrutura em mudança, pelo que será mais difícil a imediata fixação dos métodos do novo treinador; se este for inexperiente neste tipo de andanças, tanto melhor para os seus rivais
.

Principal obstáculo do técnico será a necessidade de garantir resultados

Com efeito, coloca-se a perspectiva de no Sporting pouco ou nada vir a mudar para melhor já na próxima época, primeiramente pelo facto já referido, a sua estrutura estar em mudança. A isso deve acrescer-se outro facto, o de constituir uma aposta de risco que se por um lado poderá resultar, um panorama difícil mas ainda assim possível mas que se resultar na sua plenitude até poderá ser conseguido rapidamente, por outro lado poderá ser um verdadeiro ‘tiro no pé’.

A próxima época parece perfeita para que o Sporting possa começar a colocar em prática o seu ‘ano zero’, que passará por uma enorme evolução que simultaneamente terá de implicar um esforço financeiro e reforços e o sentimento ambíguo de não participar nas competições europeias, o que será péssimo para as contas mas por outro lado será uma útil ferramenta de tempo para que se possa preparar a equipa sem lugar a pressas.

Sem Liga Europa, não existirá desgaste físico, talvez a única vantagem desta sentida ausência europeia. De resto, todas podem ser razões para que os verde-e-brancos se sentam pressionados a garantir resultados, o que poderá sobrepor-se à enorme paciência que se pede à massa adepta, que por outro lado vem deixando claro que os resultados terão de aparecer, com alguma urgência.

É certo que com um treinador do agrado do público essa paciência cresce, mas isso será também um ‘balão’ que Leonardo Jardim não pode deixar rebentar. Assim sendo, nunca a expressão, por ora proferida muitas vezes pelos adeptos sportinguistas, ”vamos ver agora o que acontece com Leonardo”, parece tão adequada.

É indiscutível que Jardim se trata de um técnico
competente. Agora, será o treinador indicado para este momento delicado que o clube vive? É já conhecida a sua personalidade, um estilo de contínua motivação sobre os atletas que comanda, e o nível elevado nos seus métodos de treino e ainda a certeza de que todas as equipas que treinou praticavam todas um excelente e atractivo futebol. Restará portanto saber se conseguirá aproveitar os activos que tem ao seu dispor. Fica a dúvida.

Texto: Rafael Batista Reis
Imagem: D.R. (Carlos Alberto Costa)
Nova Academia de Talentos
Rafaelreis.rbr@gmail.com

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